Madrugada
Estamos na primavera. As noites geladas do inverno ficaram para trás. Cheguei exausta do trabalho, semana tensa na escola. Tentando me livrar do peso da minha profissão, passei pela manicure. Conversa vai, conversa vem.
Sairia para cantar (músicas já ensaiadas), mas minha amiga, com filhote doente, não pôde. Rejeitei a idéia de ir sozinha. Tenho estado assim, resistente a saídas sem companhia. Alegra-me sair com as "meninas": filha, amigas e irmã, ótimas parceiras que são.
TV ligada, treino o ouvido e julgo não ter perdido meu inglês cucarracho. Um cochilo fora de hora, telefone chama. Acordo no susto, mas meu amigo tranquilo não sabe ler nas linhas que eu quero conversar, e muito.
Assim, invento coisas por aqui... botar lixo para fora, organizar a pia e os pensamentos. Vizinha já deve estar menos alarmada com meus ruídos noturnos. Mais um seriado, um filme e os minutos passam. Horas.
O Recanto é sempre um refúgio onde busco novidade e leitura, cujos comentários bem vindos me alentam e onde encontro gente sensível, nas madrugadas. Curioso é pensar nos motivos que levam tantos, como eu, a ficarem insones em suas casas.
E ao finalmente ler alguns haikais, sempre sobra uma ponta de inspiração. Novamente me acho na procura das palavras, tentando preencher o tabuleiro com as peças do jogo da vida.
É bem provável que daqui a alguns textos e muitos filmes o sono volte. Sexta-feira promete movimento.