DE REPENTE NADA MAIS QUE DE REPENTE

É a tal história: um belo dia você acorda, passa a mão no travesseiro ao lado e descobre que ficou sozinha... Então, de repente, nada mais que de repente, começa a achar a vida uma bela droga e se sente digna de pena, mas por um orgulho besta , se basta com a pena que sente por si própria. Tem quem fuja dessa situação, varando noites queimando as pestanas tentando devorar um “Crime e Castigo”, com suas 652 páginas ou até mais umas 762 dos “Os Miseráveis”. E quando o amargou da boca seca reclama mel, eis que surge em sua mente uma histórinha que nem esta:

Um belo dia um homem se escondeu num poço para escapar ao furor de um elefante, o pobre diabo ficou suspenso pelas mãos a dois ramos de um arbusto deitado na boca do poço, seus pés tocavam qualquer coisa junto à parede, eram quatro serpentes fazendo emergir suas cabeças. Olhou para o fundo do poço vi um dragão, a goela aberta esperando que a presa caísse. E então ergueu os olhos para o arbusto e viu dois ratos que roíam os dois ramos sem cessar. Enquanto ele pensava na situação e considerava o seu caso, viu ao seu lado uma colméia plena. Provou o mel, tão saboroso que se esqueceu do seu drama e cessou de pensar nos meios de escapar aos perigos por que passava. Não pensou nas quatro serpentes que tocavam os pés, esqueceu-se dos dois ratos ocupados em cortar os galhos, parou de pensar que uma vez cortados os galhos, cairia sobre o dragão. Distraído, tranqüilo, absorveu-se no sabor do mel até que caísse na goela do dragão e morresse.

Pois é, ainda bem que pra esta noite eu tenho aqui o João Ubaldo Ribeiro com o seu “Viva o povo brasileiro” e suas 673 páginas...

Fazer o quê...?

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 25/09/2008
Reeditado em 25/09/2008
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