EM FAMÍLIA

Seus olhos piscavam; enquanto as lágrimas transbordavam e fluiam corrente pelo leito do seu rosto. Tinha dificuldade para respirar, pois mãos gigantes vedavam a sua boca e impediam o reconhecimento do grito.

Doía-lhe tudo e muito, e era uma dor que lhe invadia a alma; mas a alma pediu ajuda a mente, que em socorro, transportaram a menina para longe daquela presença tão familiar e cruel. Feito passarinho, ela voou por um lugar bem alto, lá no céu, longe daquele quarto cativeiro, onde o seu corpo estava aprisionado.

O vôo pareceu durar uma eternidade, até que ela foi sendo conduzida de volta, atraída pela voz da sua mãe, que encontrou a filha desacordada:

- Filha! Filha! Você está bem?

Não estava! O seu corpo mais uma vez fora violado, e nada ela poderia dizer, mesmo com tudo que precisava contar, pois os olhos inquisitores do seu agressor a ameaçavam, e suas feridas ficariam novamente ocultas dos olhos e explícitas na alma.

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