Cidadão caricato
Claro que há um esforço do eleitor para escolher o candidato em quem votar. Há algo pouco palpável em sua mente que o faz saber ser isto importante. É como uma intuição. Talvez, condicionamento, porque gana, vontade visceral, compleição aliada ao dever régio de euforia e cidadã oportunidade de decidir... Ele não tem. Por que não tem? Há! Aí são outros quinhentos! Em primeiro lugar, os péssimos atores que aparecem nos programas políticos se deixam trair com seus semblantes pouco convincentes. O menos intuitivo dos telespectadores “sente” a intenção por trás daquelas carinhas de olhinhos vidrados nos textos junto à câmera de modo a parecer que estão falando sem ler. Diga-se de passagem, ler para muitos é um problema. E o eleitor fica vendo àqueles vendedores de ilusões fajutas como a camelôs roucos e desafinados de produtos falsificados. Esta é a sensação. E uma lei corrobora o que se sabe ser o melhor das acidentadas trilhas da liberdade e da democracia.
...e vamos nós a nos fazer parecer gado (que aliás, parece) no dia da eleição tendo dúvidas sobre qual vereador vai deixar de compactuar com “arrumadinhos e igrejinhas” pelo bem da classe. Qual terá a coragem de enfrentar algum rolo compressor, estabelecido ser ele é honesto (essa palavra chega a soar ingênua) se despojar-se-á do pensamento de “se dar bem” e trabalhará por sua comunidade querendo “escrever o seu nome” nos anais, e não nos anus, dos eleitores que lhe confiaram o voto. Quanto aos candidatos a prefeito, é a lei do “menos pior”. Nos finais de mandato a gente fica sempre com a impressão de que muita coisa poderia ter sido feita e essa impressão é transmitida para os candidatos, isto é, já votamos desconfiados.