Velocidade não é tudo, quando o inimigo está por perto!!

Eu tenho dores. São dores, mas poucas são da alma. Graças a Deus minha alma é completamente saudável.

Minhas dores são físicas. Eu me considero saudável, assim como minha alma. São dores de cabeça, um pouquinho de dor na coluna, gripezinhas, etc. Coisinhas bobas que enfeitam meus muxoxos diários.

Tenho dores, já que os outros não têm. Nem uma simples gripe. Menos ainda uma leve dor de cabeça. Os homens da casa são muito saudáveis de corpo e de alma.

O que não os libera de acidentes. Como o desta segunda feira.

Meu filho, que parece o pernalongas (já que ninguém diria que pelo tamanho de suas pernas tem apenas nove anos) gosta de correr. Gosta de correr, chutar, pular e todas as outras coisinhas que deixam uma mãe arrepiada só em pensar. Quer velocidade! Então correu, correu muito. Do portão até a garagem (esta fica no fundo do terreno, sendo assim, uma boa distancia para uma corrida). Apesar dos arrepios, eu o deixo correr, fazer o quê? Pelo menos eu vou estar por perto para socorrer. Deixei correr e marquei no cronômetro o tempo. Onze segundos. Até aí tudo muito bem. O problema foi que ele desafiou o pai. Outro pernalonga, de um metro e oitenta e... Muitos de altura.

Temos uma cachorra. Enorme, rápida e bruta montes. Uma boxer chamada Nikita. Já tem até filhos, mas de jeito nem um perde uma brincadeira. Principalmente se adultos estão envolvidos.

Pois, eu bem que falei “Beto, está cachorra vai te derrubar...”.

Nem me ouviu. Típico, geminiano, é geminiano. Decidiu, vou correr e me arrebentar. E fez. Nada ia fazê-lo mudar de idéia. Nem adianta falar.

Aliás, eu falei só para dizer depois. Eu te disse!!!

Todos a postos. Eu o Henrique ( meu filho) . O Henrique segurando o cronômetro.

O marido. Em posição de atleta, preparado para a largada. E Nikita! Faceira arfando em nosso lado.

Deu-se o grito de largada! Cruzes! Não sabia que aquelas pernas compridas eram capazes de tanta velocidade. No instante em que estou embasbacada com a velocidade do meu cônjuge, percebo que alguém mais também esta correndo (igual a um guepardo atrás de sua caça) com um propósito bem menos esportivo! O de derrubar definitivamente o desafiado. E ela fez exatamente isto. No meio do caminho (uns vinte metros à frente) saltou e com um bote certeiro agarrou com suas patas dianteiras as pernas do Roberto.

Nunca tinha visto um tombo tão feio. Foi uma mistura de deslizar com se arrebentar com muita ênfase. Sabe muita vontade de ficar todo lanhado. Mãos, costas, pernas, joelhos e outras coisitas mais. Com direito a uma cambalhota circense no final!

Embasbacados agora os dois espectadores da façanha “como-se-matar-no-pátio-de-casa-com-a-cachorra” ficamos por uns segundos sem reação.

Não apertamos o cronômetro. Não articulamos nem uma palavra. O Henrique que inegavelmente tem reflexos muito melhores que os meus, me puxou da inércia a fim de socorrer o pai. Que a esta altura dos acontecimentos, tentava se lembrar o que fazia ali com o nariz colado no chão.

A Nikita super feliz com a caça, pulava e latia na volta buscando aplausos!

Eu não falei que a cachorra ia te derrubar? Falei...

Então, conclusão eu que vivo reclamando de dor aqui e ali. Fiquei realmente com peninha dos machucados que ele conseguiu nesta brincadeirinha.

Porque um tombo é uma coisa, agora... Um tombo de uma cara de um metro e oitenta e seis em alta velocidade, na calçada, tirando um fininho do pilar de concreto é de dar medo!! Medo também de não agüentar e começar a rir.

Por que Roberto foi hilário!! Desculpa mas rir é inevitável!!

Dá licença agora? Mas eu tenho que ir ali trocar as gases e os bandaids das mãos do velocista!! rsrsrsrs