SIAMO DAVVERO TUTI UGUALI
Uma coisa eu sei que sei : siamo davvero tuti uguali. Nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos. O círculo da vida vai aos poucos se completando e para os que conseguem vencer as primeiras etapas, de repente se dão conta de que a velhice bateu à porta. E
nos mulheres, no que diz respeito a aperência física (principalmente) , como tentamos encará-la: de frente, peito aberto? Desafiando-a e deixando transparecer ou mascarando-a, tentando prolongar o inevitável com as plásticas, os cosméticos da vida, naquela do me engana que eu gosto? Ou simplesmente dirá: “ Procurem outro companhia; já vejo daqui o fim do meu caminho.”
Pense, enquanto exemplifico a coisa:
Existiu uma escritora famosa, uma das minhas preferidas, por saber descrever as sensações, que temia a velhice desde a sua infância . Passava os dias contemplando-se ao espelho, descobrindo rugas. Cada novo vinco era um espanto, do qual procurava fugir através de suas obras, tentando reviver emoções de seu aprendizado.. Apesar do medo da velhice, sobre ela, dissse: “ Não chore, não junte os dedos em súplica, não se revolte: é preciso envelhecer.
Falo de Collete, nome adotado em literatura por Gabrielle Sidonie, romancista francesa, nascida nos confins da Borgonha no ano de 1873. Embora na infância tenha aprendido com a mãe a esquadrinhar a natureza e por ela levada a observar o desabrochar de uma flor, o nascer do sol, os pingos da chuva coroando as plantas, os passeios dos gatos preguiçosos pelo quintal e aprendido a dar ao cotidiano o valor de coisa inédita, também lhe fez ver o lado triste. Velhice, enfermidade, morte, que lhe ensombravam a infância como fantasmas imensos. Em sua obra transpira o medo e a doença. Não possuía religião e achava inútil a indagação a respeito da morte.
A propósito, a mãe de Colette, que se chamava Sido, não era religiosa, preferiu criar a filha ensinando-a a agir de acordo com os próprios impulsos. A alegria de viver que animava Sido não permitia penitências, nem a dor de enviuvar pela segunda vez pôde impedi-la de rir no dia do enterro, junto à sepultura recém-coberta de terra. Um gatinho surgira ao acaso, fazendo cabriola aos pés de Sido, como a tentar distraí-la de seu sofrimento. E ela subitamente emergiu da tristeza do luto e quebrou o silêncio do cemitério com as notas claras de seu riso e o eco das palmas que concedeu àquele ginasta improvisado. Colette, então adulta, não se chocou; ao contrário, agradeceu à mãe por haver continuado a ser ela mesma, por haver “ acatado a dor como se aceitasse uma estação triste e longa, mas passageira”.
Angustiada por temer a velhice, a doença e a morte, torturada pelo artritismo que lhe paralisou as pernas desde 1949, cercada de cães, gatos, de seu terceiro marido e de seus livros: mais de cinqüenta volumes publicados, onde estava toda a história de sua vida, transmutada em ficção ou narrada tal e qual transcorrera, através de memórias e confissões, morreu Colette no ano de 1954.
(Fonte de informação: Biografia de Colette, publicada por Victor Civita – Abril Cultura.