Ao som do barulho dos carros...
- Salve a indiferença!!! -
Gritou o bêbado
Cambaleando as pernas
Meio a multidão
Ninguém ouvia
Ninguém escutava
Nem as mentiras
Nem as verdades
Sentou no bar
Pediu mais um trago
Fumou mais um cigarro
E desbravou os poetas
Filosofia de bar não
Era apenas um homem
Cansado da solidão
Outro rapaz da mesa do lado, observava sem nada dizer
Sabia que aquele bêbado era ele num estado de limite
De incompreensão, compensação...
Tomava mais um trago o homem que gritava
O que se via nele levantava e ia embora
Não falara nada com o espelho
Não falara com ninguém
Queria ser ele o bêbado a desbravar o mundo
A gritar a indiferença
A dizer profundamente embriagado, o que mais sóbrio lhe parecia:
- preciso ser amado!
Voltou para casa só,
Contando os passos,
Ao som do barulho dos carros...