Contradiga

Perdi muitas noites de sono. Nestas noites eu escrevi tudo aquilo de maravilhoso que poderia ter me acontecido se eu estivesse deitada do seu lado. Reli esses textos inúmeras vezes.

Honestamente eu não li. Eu pensei porque eu não os mostrava para que me desse, você mesmo, uma opinião sobre eles. Seria talvez uma maneira fácil de contar o que se passava e assim você ia me entender.

Na verdade, eu não queria que me entendesse simplesmente. Se em algum momento eu os escrevi não foi porque eu achei que escrevia bem, mas porque queria ter um pretexto para falar contigo sobre alguma coisa qualquer.

Bem, eu não queria te falar sobre uma coisa qualquer. Queria sim que você me notasse, que percebesse que ali estava uma pessoa diferente das outras tantas que te ouvem diariamente. Alguém especial.

Sinceramente, eu não sou especial. Sou exatamente como os outros mas, duvido muito que esses outros pensem em você todo dia, que gravem tua voz, reparem nos seus trejeitos, sintam tremores ao te ver chegar.

Eu não sinto tremores ao te ver chegar. O simples pensamento da tua presença já me abala e quando você chega eu dissimulo tanto o que sinto que chego a ser ridícula.

Não que eu seja ridícula. mas eu tenho plena consciência da infantilidade do meu sentimento, da ingenuidade dos meus gestos e de que minha esperança não me valerá de absolutamente nada.

Isso não significa que a minha esperança não vale nada. Tenho que ter alguma coisa em que me agarrar mas, sem contradições: Seria muito mais fácil se você morresse.

Gabriella Mendes
Enviado por Gabriella Mendes em 22/09/2008
Código do texto: T1190259
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