A pedra da Gávea

Um dos símbolos de São Sebastião do Rio de Janeiro, a pedra da Gávea sempre suscitou histórias e um aglomerado confuso de hipóteses sobre o formato da mesma.

Muito alta e fria mesmo nos dias de verão, no cume que é uma extensa laje de granito, ela possui realmente alguns mistérios. Vista em fotos não apresenta a realidade que possui. Mas quem tem a disposição de chegar ao seu topo, levando um mínimo de acessórios próprios do montanhismo, fica cismado. Se você tem motivos para conhecer de perto o mistério, não se acanhe. Vale à pena.

Nada de levar pesadas mochilas, com lampião e fogareiro. Escolha uns bons e alimentícios sanduíches do seu gosto, água, calça folgada – evite o jeans, atrapalha os movimentos das pernas, salvo se estiver cortado pouco acima dos joelhos. Quem possui um par de botas para caminhada é excelente. Como poucos são dedicados a fazer trilhas, caminhadas em montanhas ou escaladas, não costuma ter este tipo de calçado. Mas o seu tênis serve. Em ambos os casos, meias grossas, para não machucar os pés. Uma faca com bainha, lanterna com pilhas novas e um celular ajudam bastante e não fazem peso em mochila pequena, ou embornal.

A picada, bem aberta e conservada, é íngreme. A subida cansa, e quando se chega à última água, local designado com este nome pelo fato de corresponder exatamente ao termo, pois não há água após este ponto, uma boa parada se faz necessária. A nascente tem uma água com sabor especial. Como? A água não tem sabor? Experimente tomar a que sai da fenda na pedra, gelada, pura, puríssima! Tem uma frescura, um sabor todo especial, você sente que está sendo renovado biologicamente. Trazer para casa estraga tudo. Embora permaneça excelente, não é de nenhum modo comparável ao líquido que brota na rocha.

Durante todo este percurso, flores silvestres com cores exuberantes, cada qual mais bela, você começa a perceber que entrou em outro mundo, o mundo sem calçadas, sem edifícios, sem gente afobada que anda nas ruas... É outro mundo!

O acesso mais fácil é pelo famoso Carrasqueiro. Subida fácil que não merece este nome. É daí que começa o grande espanto. Você tem uma visão privilegiada da famosa face da pedra. Realmente, custa crer que não tenha sido mão humana que fez o serviço. O granito envelhecido pelos séculos tem a cor marrom escura. Na pedra da Gávea, este marrom existe muito, mas na face a pedra é mais clara, bem mais clara. Os olhos são cavernas. O nariz, deformado não se sabe bem qual o motivo. É uma das passagens difíceis de quem quer atingir o cume por este difícil acesso, escalada para experimentados.

Não há quem olhe e cisme. Realmente, parece que a mão humana esteve presente. Esta sensação aumenta quando você atinge o cume, e vê uma espécie de escrita cuneiforme. Dizem alguns que está ligada aos antigos fenícios, e a inscrição tem os nomes “Tiro”, “badezir” e mais outros mistérios que envolvem realmente os fenícios.

Segundo consta, ali estaria enterrado um membro da corte real daquele país.

Podemos acreditar nisso?

A resposta certa, não sei dar. Mas que é um mistério, é...

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 20/09/2008
Reeditado em 20/09/2008
Código do texto: T1187731
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