NÃO TENHA MEDO DE ACREDITAR
Lá no finalzinho do túnel algo me parece ser, em princípio, um algodão doce, coberto por calda de morangos. Quanto mais olho, mais cresce o algodão doce e, numa proporção exagerada, mais aumenta a calda daqueles carnudos e vermelhos morangos.
Atravesso mais da metade da extensão do túnel, pois, também já percorri meu caminho existencial por consideráveis anos. Mas, quando estive na sua extremidade inicial, bem criança, tinha o hábito de economizar algumas moedas, para saborear um algodão doce e, até mesmo, adquirir uma latinha de morangos em calda.
Volto-me novamente para o outro lado do túnel, mas aquela aparição ainda não é nítida. Busco firmar minha vista e começo a entender que a imagem, agora mais próxima, é uma mistura dos meus sonhos de infância . O algodão doce, meu predileto, vem surgindo em forma de uma barba, alva e carregada de paz. A calda de morangos, com gosto de pureza, transformou-se numa linda veste brilhante, em carmim, reluzindo a aura suave daquele que se encaminha na minha direção.
Meu coração, como nos tempos da inocência, palpita aceleradamente e reconhece, naquele semblante singelo, a sua real existência, adormecida entre meus tempos de criança e da maturidade. Meu querido e amado, Papai Noel !
Suas mãos se oferecem a mim, como numa bênção, e trazem dois presentes , envoltos em papel de seda, delicadamente enlaçados por fitas prateadas. Um nó de alegria e emoção sufocam meus agradecimentos. Emudeço, pois sempre acreditei nele. Papai Noel abraça-me num abraço amigo, carinhoso, amoroso e pousa os presentes em minhas mãos.
Inundado por uma felicidade infinita, mesmo assim leio o nome do destinatário. Sim... lá estava o meu nome! Enfraquecido pela exuberante e verdadeira presença do terno visitante, abro os presentes e um saudoso sorriso aflora-se em meu rosto ao ler a mensagem que minha mãe enviava-me lá do céu. Assim, como quando criança, minha mãe não se esquecia da ansiedade que causava-me a chegada do Natal e, naquele momento, mais uma vez, amparava-me com seu carinho e suas lembranças: numa caixa... o algodão doce; na outra... os morangos em calda.
Papai Noel estava radiante, com olhos “compridos” nos meus presentes. Naquele Natal, ao som das notas musicais de “Noite Feliz”, eu e Papai Noel saboreamos a sabedoria de uma verdade imutável, intransformável, que vai além do infinito e que é: Papai Noel existe e nos ama muito.