E SE DEUS É CANHOTO?

Hoje amanheci tão lírica, tão agradecida, tão compreensiva, que para dar vazão a este estado de espírito procurei Drumond e eis o que ele me disse: “E se Deus é canhoto e criou com a mão esquerda? Isso explica, talvez, as coisas deste mundo”.

Se estou em estado de graça, como vou ficar irada com alguém que sem mais nem menos sugere um “We Said goodbye”? Nesse caso é pra dizer o quê? To nem ai/ To nem ai...? (Mas não tô não, viu?)

Ah, deixa pra lá, hoje é sexta-feira, dia de pegar leve, pois amanhã é sábado, depois é domingo, que pede cachimbo. E o que faço? Abro os jornais em busca de noticiais amenas e daí escrever uma crônica descontraída. Mas qual o quê... Cadê noticia boa! O caos é geral.

E se é pra falar sobre o caótico fico na dúvida que nem Tereza de Jesus que deixou dito: “ No se si hago bien de escribir tantas minudencias”

Age não, Tereza. E eu não vou escrever minudencias nenhuma. Vou falar de Shirrley MacLaiane, que em um de seus livros ensina pra nós como não cair da montanha, como aprender a criar asas e assumir o próprio destino e explorar sentimentos e pensamentos em relação a outra pessoa, e o desejo de compreender o motivo e o como de tudo.

Sabe do que mais? Vou encerrar este meu lengalenga inconseqüente com um poema de Somtow P. Suchartkul ( alguém conhece, se não fique conhecendo)

AMIGO DO INFINITO

Salve, Ó Vento! Saudaçõ

De um viadante noturno ansiando por luz procurando uma uma terra

Mística de onde vim;

Ó vento, não sou humano:

Sou um forasteiro

De um planeta diferente:

É o mesmo planeta de onde você veio, ó vento vem?

Respiro como homem,

Vejo com olhos de homem,

Mas não sou homem

Ó vento, farfalhando pela floresta,

Que sussurra com avidez

Que suspira com tristeza

Para sempre amaldiçoando

As ribanceiras de algum rio invisível

Nascido através da escuridão

Existindo apenas

Numa substância semitangível

O que leva não é levado!

Salve, Ó vento! Eu te saúdo:

Só você é o habitante daquele mundo

Pelo qual anseio:

Porque sou uma sombra um corpo

Vinda da profundidade desconhecida

Da terra inatingível

Nascida da espuma

Levada pela corrente..

Ah resumo de pureza

Eu também sou matéria

Sou intercambível

Sou energia, sou único,

Sou indívisel e único

Único com todas as abstrações

Forasteiro para essa terra

Cercada pelo impuro

Tenho afinidade contigo, Ó vento!

Conheço-te como a mim mesmo,

Vens do meu próprio mundo

Através da barreira do tempo

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 19/09/2008
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