O SEGREDO DA PEDRA DO DRUMMOND
Tinha uma pedra no caminho do poeta gauche. Insatisfeito ele olhava a pedra, ao mesmo tempo em que o caminho se dissolvia em versos a serem escritos; mas não bastava escrevê-los de qualquer forma, era preciso encontrar a justa prosa; a palavra certa, o meio perfeito que fizesse os fins necessários para os versos que dançavam e se multiplicavam no brejo da sua alma.
Poesia, para ele, era a eterna procura das letras; era o dobrar-se do eu sobre si mesmo, era ser fazendeiro do ar e domar o boi-tempo; afinal, escrever se aprende escrevendo, e compartilhar esses escritos é uma responsabilidade, que somente poucos podem carregar. Escrever para o mundo era a reflexão que o envolvia dia e noite, pois ele sabia que a sua poesia poderia ser a chave para envolver o leitor nessa jornada além do aparente, uma jornada na mágica estrada da arte do versar. Era a chave que dissolveria o mistério das palavras, revelaria o segredo perfeito que a pedra tanto exigia que ele desvenda-se. Pedra... sempre havia a pedra, pedra esfinge que ameaçava devorá-lo, caso ele não expressasse os enigmas do seu mundo interior ao leitor carente de arte.
Perdido em si mesmo, o poeta oferecia alguma poesia, mas para olhos profundos, sempre havia algo mais, por certo, uma lição das coisas, que se escondia em meio a uma expansão lírica, uma aparente complexidade, que por vezes parecia um entrave, mas se o leitor soubesse usar bem a chave cedida pelo poeta mineiro, o chiste seria atingido e a brincadeira das palavras causaria o assombro necessário que torna a poesia, o mais perfeito veículo da catarse.
Libertar-se, era o desejo do poeta, ir além das palavras; mas a pedra continuava teimando em aparecer em toda parte, por toda a sua vida, e em toda a sua arte. Pedra maldita! Maldita? Que nada; pedra bem dita, afinal a pedra acabou sendo a chave para a mais autêntica poesia que refletia o sentimento do mundo e o universo lírico do poeta gauche.
Farewell, poeta!
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