PROIBIDO

Algumas pessoas são impulsionadas a quebrarem os limites estabelecidos no meio social.Pequenos e grandes delitos ocorrem constantemente.O sagrado e o profano nunca estiveram tão próximos.Natureza humana?Muitos afirmam que sim.A questão é paradoxal.Quando se lê um aviso de "proibido entrada",a tendência é a desobediência.Se existir a possibilidade de burlar tal ordem,isso provavelmente ocorrerá.É como uma frase em um mural"não leia".Isso desperta a curiosidade pelo que está escrito.É instintivo?A resposta,quem a possui?

Zacarias estava absorto a esses pensamentos.Um cidadão pacato,cumpridor de seus deveres e pouco exigente dos direitos.Afirmava que o mínimo que podia fazer era zelar pelo seu bem estar.A mulher dele não entendia o seu alto grau de comodismo.Como é que pode?Você tem direitos na empresa.A gente precisa do dinheiro,está faltando quase tudo em casa.Homem,você precisa desobedecer a placa de"proibido entrada",pule o muro,enfrente os cães,não se preocupe com as consequências,vá à luta.Ele ouvia calado,sabia que a esposa tinha razão.Mas nada de agir.Via pessoas pulando os muros da vida.Certo ou errado,é muito relativo.Bendita relatividade,pensava ele.Como o acalmava,o consolidava a um ser relegado a bondade dos outros.Os benefícios que recebia eram oriundos da ajuda dos companheiros de profissão.

Os dizeres da placa não paravam de torturá-lo.Sentia um incômodo imenso.Quem se importa se o vizinho evangélico faz Cristo ruborizado?Não ia cuidar da vida alheia,nem da dele tomava conta.Via a hipocrisia,corrupção e toda sorte de desvios,mas ficava impotente.Questionar valores,demolir tabus era imperioso.A sociedade o fizera assim,tramava contra ele.Usava todos os artifícios para permanecê-lo dócil,ingênuo.Futebol,novela,programas de auditório,programas sociais emcampados pelo governo...tudo paliativo.Meras doses de falsa preocupação com o homem.Estamos fazendo o que nunca foi feito,dizia orgulhoso o chefão do país.O essencial deve ser mesmo invisível para os olhos.Pobre pequeno príncepe,dormes em tua inocência.Os ensinamentos não foram suficientes.Dizer não aos letreiros era urgente,sabia disso.Os pés não mexiam,os muros alcançavam o céu.

LÉO VINCEY
Enviado por LÉO VINCEY em 19/09/2008
Código do texto: T1185908
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.