Monalisa de Leonardo da Vinci
Arte: a quarta necessidade humana
Há poucos dias atrás, por acaso, abri aleatoriamente uma página de um livro do monstro sagrado da literatura universal, Fernando Pessoa e encontrei a frase: “Só a arte é útil. Crenças, exércitos, impérios, atitudes – tudo isso passa. Só a arte fica, por isso só a arte vê-se, porque dura”. A partir de então, passei a refletir sobre a mesma e cheguei a conclusão que a arte é a manifestação do belo que existe no ser humano.
A palavra arte é derivada do latim ARS cujo significado é técnica ou habilidade, entendida como atividade humana ligada à manifestação de ordem estética. A história da arte se confunde com a história do homem, pois, o homem sempre teve necessidade de expressar e de consumir as suas manifestações de beleza. A beleza apesar de relativa, ela não deixa de ser beleza, ela pode ser questionada, avaliada e mesmo reprovada por alguns, mas, não deixa de ser beleza. Embora, a beleza da arte seja passível e necessite de aprimoramento e de evolução.
O ser humano possui necessidades básicas a serem satisfeitas e dentre elas, em primeiro lugar está a mais primordial de todas as necessidades, alimentar. Em segundo lugar, vem a necessidade que começa a nos distinguir dos animais, a nos fazem diferentes, a necessidade de cobrir o corpo, ou por uma vergonha meramente humana ou por uma necessidade de proteger dos rigores da natureza. A terceira necessidade, criar moradias para conferir abrigo e proteção. Em síntese, comer, vestir e morar constitui as mais básicas de todas as necessidades humanas.
Mas, o ser humano possui uma quarta necessidade, a necessidade do consumir a criatividade, a beleza produzida pelo homem sejam elas através dos sons, palavras, cores, formas, expressões corporais e outras formas artísticas de representação do belo. Isso sempre foi assim e assim será através dos tempos.
Comentei essa reflexão com um amigo e ele me indagou: “A quarta necessidade não seria instrução?”. E a minha resposta foi: – povos que nunca buscaram instrução sempre consumiram arte, e também, a arte é um instrumento de instrução e de evolução humana. Vejamos que nos dias atuais, a maioria da população, trabalha em média oito horas por dia para satisfazerem as suas necessidades básicas de comer, vestir, morar e em seguida vem comprar um aparelho de som, de televisão, livros, revistas, visitar museu, assistir shows, partidas de futebol, viajar e outras formas de consumir arte. Outro fato interessante é que a maioria das pessoas, após trabalharem oito horas por dias, a segunda ocupação de tempo é em frente a uma televisão consumindo uma arte de qualidade pobre e duvidosa, mas, uma arte para a compreensão e consumo de muitas pessoas. Em suma, o individuo passa mais tempo em frente a uma televisão do que em banco escolares ou lendo um bom livro.
Existem dois tipos de arte: a arte de massa, empurrada goela abaixo e consumida pela maioria da população, uma arte pobre e de qualidade duvidosa, que não deixa de ser uma arte alienante, em que o belo seduz apenas as almas incultas e que necessitam de evolução. Por outro lado, temos a arte que retrata a essência do belo, consumida por poucos, a mesma citada por Fernando Pessoa e por Paul McCartney que um dia disse: “a música é capaz de curar doenças”. Mas, a música capaz de curar não é a musica de consumo, pobre e passageira, sim, a musica como qualquer tipo de arte verdadeira que retrate a essência do belo, que seja a expressão máxima da criação do homem e que transcenda o tempo.
Um texto escrito para comemorar 10 000 leituras em 45 textos e 4 meses de Recanto. Na arte da escrita sou um eterno aprendiz, nesse período aprendi muito com as leituras dos textos dos colegas reacantistas. Muito obrigado a todos e tentarei retribuir o carinho que aqui recebi.