CHALANA

Hoje é dia 30 de janeiro de 2007, passados 30 minutos da

meia noite.

Eu deveria estar pensando em mim, porque estou completando 58 anos de

vida. Mas, estou pensando em você. Aliás, eu sei o por quê de todos os

dias pensar em você... todos os dias olho você. Todos os dias... muito

linda. Tenho saudades!!! Muitas...

Lembro-me de quando você nasceu, o quanto você viveu e quando você

morreu. Um morreu que nunca morreu, porque vejo você todos os dias.

Se fosse mulher, me casaria com você. Penso que tivemos uma relação

irrestrita de pai/filha, mãe/filho. Foi assim que nos confundimos. Eu

querendo te agradar e você querendo me agradar.

Você chegou, era quase um bebezinho. Empurrada para os meus braços, meus

carinhos. Lembro-me que no primeiro momento nosso, você beijou minhas

mãos. Já me conhecia de outras encarnações? Se já, é porque fui bom

noutra vida, pois você, que era maravilhosa , me quis!!!

Não sei se com pesar ou não, mas, nunca tive qualquer sentimento

indelicado, qualquer reação de tristeza, de raiva, de constrangimento em

relação a você, sentimentos que já tive por quem eu amei e amo muito.

Você não usava a boca para falar . Falava com os olhos, com sua alegria

verdadeira de me ver. Tinha confiança em mim e sabia que eu não a

trairia. Que não lhe seria infiel, porque nosso amor não dependia de

sexo...era platônico...ilimitado...sem preconceitos...sem cobrança.

Impossível uma concorrência que fosse tão transparente.

Infelizmente, você se foi. As contingências da vida separaram nossos

corpos , mas nunca nossos corações. Uma voz falava aos meus ouvidos que

você deixara de ser, deixara de respirar, numa despedida a seu modo.

Calma , silenciosa, buscando não incomodar. Chorei!!!

Acho que você anda por aí e, por isso, acho que você anda por aqui...

comigo, pois , mostro você a todas as pessoas , minha sempre “noiva”.

Quem sabe, na próxima, você vem como uma dama e eu venho, mais uma vez,

como o cachorro que sou visto? Pelo menos, serei seu novamente, novamente

fiel, vivendo feliz sob o olhar eternizado do amor que teve por mim e

sempre terá.

Você não é gente! Eu sou gente! Mas, se viéssemos a nos ver novamente,

não quero ser gente e gostaria que você surgisse como uma tartaruga, para

que possamos viver mais uma eternidade, com calma, sabedoria, já com duas

casas para morarmos e o enorme amor que entre nós nunca morreu.

Wellington Erse
Enviado por Wellington Erse em 19/09/2008
Reeditado em 20/09/2008
Código do texto: T1185443