Ética marginal
Houve um tempo, dizem, que tinha ética no mundo. Há tempos passou a ser marginal, assim mesmo, ambígua. Hoje parece que a ética é uma dádiva, um dom, assim como quem joga bola, ou toca algum instrumento, muito se admira, mas parece que não é uma coisa para todos. Nos presídios há uma rígida hierarquia, e uma conduta invejável, pena, que estas condutas não são levadas para além das grades.
Tempos atrás, assaltante, tinha ética. Não roubava aliança de casamento, em respeito à entidade constituída pela igreja, aliás, a respeitada entidade também, como templo sagrado tinha seus portais imaculados. Hoje roubam a mão toda por causa de uma argolinha de ouro que serventia nenhuma tem, e já roubam dentro das igrejas. Ambígua de novo.
Mas em tempos que até ceguinho pedindo esmolas em escadarias de igreja estão sendo afanados, surge um ladrão de carro em Passo Fundo – RS, ao roubar um carro, deu-se conta que os pais deixaram uma criança no banco de trás do veiculo. Com toda sua ética marginal passou um pito no dono do veiculo, ao ligar para a policia, isso mesmo, ligou, disse sinceramente, que ao roubar o carro viu a criança e resolveu abandonar o fruto do roubo e ligar para “os homens” e se autodelatar, além de passar um sermão nas vitimas.
A policia, a pedido da população, está tentando localizar o ladrão, não para prender, mas para que ele venha a ser vereador, dando inicio a uma longa carreira na política, para impor um pouco de ética.