Nova estação
Ela caminhava pelo parque observando a cor das folhas, os galhos torcidos das árvores e as flores que começavam a adornar os jardins. Na cabeça, lembranças de um tempo inocente em que as preocupações eram simples e corriqueiras perto dos cuidados de agora.
Absorta em seus pensamentos só se deu conta de que o cadarço estava desamarrado quando um homem se aproximou e, gentilmente lhe advertiu que, se não o amarrasse, poderia tropeçar e cair.
Ela agradeceu, abaixou para dar o laço e se preparou para continuar seu exercício. Mas ao seu lado permanecia o homem, como se a esperasse para caminhar com ela.
- Você é a Isabel, não é mesmo?
- Sim, mas...
- Não se assuste, não tivemos chance de ser apresentados, mas eu sou Gustavo, o novo advogado da empresa.
- Claro! Eu soube de sua contratação. Você começou há uns quinze dias, não é isso?
- Sim, isso mesmo! Foram tantas reuniões dentro e fora da empresa que não tive como conhecer todos os setores.
- É a fase de integração aos negócios que às vezes antecede a de integração com os colaboradores da empresa.
- Tem razão! Bem, eu já havia te visto caminhando no parque e quando te vi na empresa perguntei seu nome ao Pedro. E veja só, hoje encontro você novamente.
- Uau! Então, seremos colegas de trabalho!
- Sim! Por isso estou aproveitando para me apresentar. Incomoda se caminharmos juntos?
- Não, imagine. Ainda vou dar mais duas voltas e você?
- Duas também.
Seguiram caminhando e conversando até que ao final do alongamento se despediram e cada um seguiu seu trajeto.
Já em casa, terminando seu café, ela retomou seus pensamentos anteriores se deu conta de que mudança de estação pode trazer mudança de perspectivas, basta abrir a janela para que o vento balance as cortinas. Se for uma brisa, porque não deixar fluir? E se for chuva forte, basta fechar a janela, pegar um bom livro, curtir a voz de Ella Fitzgerald e saborear uma taça de vinho.
Afinal, pra que se atormentar com mal entendidos do passado? Pra realizar os sonhos, bastava acreditar que o bem sempre vence o mal. E que o perdão e o amor, juntos, se tornam mais poderosos que qualquer arma.