Conseqüências do pensamento aos 22 anos. O que será de mim aos 40?
Sim estou bem obrigado. Na medida do possível me recupero da porra daquela noite. Noite mal dormida. Cabeça fervendo. Porque penso tanto? Preciso parar de pensar. Dia estressante. Sábado. Droga. Acordo pela manhã, já me deixam com vontade de bater em alguém. Tudo bem, o dia vai melhorar e melhora. Progresso com aquarela. Mas sempre quando melhora piora depois. Conversas estressantes. Pessoas irritantes. Situações que me deixam de mãos atadas sem ter como reagir. Socorro. Só eu posso me socorrer.
Noite. Merda, às vezes a noite não precisaria chegar. Insônia. Droga de insônia. Culpa minha. A culpa é só minha se me estressam e fico pensando, pensando e pensando.
Conseqüências do pensamento: Insônia, stress, uma noite de sábado levantando 4 horas da manhã comendo pão de queijo, tomando suco de uva e assistindo padrinhos mágicos. “4 horas da manhã assistindo padrinhos mágicos, fim de carreira.”
Talvez se eu dormisse em minha própria cama no sábado à noite isso não aconteceria. Mentira. Aconteceria sim. O problema é minha cabeça e não a cama do meu namorado (é, voltamos a namorar). A idéia do pão de queijo foi dele. É impressionante como adora me engordar. Ops espera ai... Desta vez eu disse que estava com fome.
- Amor, quer um pão de queijo e um suquino? (Traduzindo: Come isso logo e me deixa dormir.).
- Quero.
Voltou ele com o pão de queijo e o suquinho quase dormindo no caminho entre a cozinha e o quarto.
- Obrigado. Se importa se eu olhar TV?
- Claro que não. (Traduzindo: Onde estava com a cabeça quando voltei a namorar com ela? São 4 da manhã... TV?)
Coloquei o time na TV para desligar sozinha e deitei.
- Quer me dizer no que está pensando que não consegue dormir?
- Não estou pensando em nada. Apenas não consigo dormir.
Mentira. E das piores. Estava escrito na minha testa que no momento eu pensava mais que Einstein. Não podia falar. Não queria falar. Não é nada com ele, sério. Mas envolve pessoas que ele gosta. E gerar brigas 4 horas da manhã não era minha idéia no momento. E nem agora. E nem outro dia.
Outro dia em uma sexta feira em minha própria cama foi pior. Chegou a dar dor de cabeça. “Cérebro bom o meu. Dor de cabeça de tanto pensar." Mas voltando... Eu estava em minha cama sem conseguir dormir. Então peguei o celular e fiz de lanterna. Dei de cara com um abajur rosérrimo da Hello Kitty que por sinal sempre desligado da parede para não correr o risco de ser ligado a certos horários.
Vejo meu criado-mudo com manchas de aquarela que nunca aviam sido notadas por mim. Tento achar desenhos nas manchas... E acho. Tais desenhos parecem ler meus pensamentos. Droga. No meio da noite acho um criado-mudo e manchas de aquarela que lêem meus pensamentos. Não faltava mais nada. 22 anos com insônia. O que será de mim aos 40? Tomarei Lexotan para dormir? Dependerei de um comprimido zilhões de vezes menor que eu para fechar os olhos? Não, obrigado... Dispenso tal hipótese. Um tédio desgraçado no meio da noite. Já estava me sentindo como Marcelo Rubens Paiva em Feliz Ano Velho. A diferença é que Rubens Paiva estava na cama de um hospital e eu graças a Deus não.
Quando não durmo fico com um puta mau humor e sai palavrão até pelas orelhas. Tudo bem, falar palavrão alivia a dor. Não dormir causa.