Somos Capazes!
Às vezes somos surpreendidos por alguém a observar nossas falhas comportamentais, nossos vícios, que conforme nosso consciente está agindo normalmente, mas quem está de fora observa bem melhor. E é sempre bom estarmos abertos às mudanças para aproveitarmos e fazermos o caminho de volta ao ponto do qual fomos desviados e recomeçarmos uma trilha mais ampla, com perspectivas de crescimento, de evolução. Se nossa missão, nessa escola fantástica que é a vida é evoluirmos, porque não estarmos prontos a cada dia, a cada momento para mudarmos?
Observando por esse ângulo, costumo aceitar as observações feitas com relação as minhas falhas e procuro fazer uma reflexão, um auto estudo para tentar melhorar. Assim sendo, há muitos anos atrás, quando ainda adolescente, fazendo ainda o colegial, comecei a fumar. Naquela época, morava na casa de um tio e tinha uma prima que fumava e esta foi a minha principal incentivadora, entre outras colegas. Sempre que voltávamos do colégio à noite, subíamos uma escadaria que havia na parte externa da cozinha que levava a cobertura de uma caixa d’água e ficávamos lá conversando assuntos triviais e fumávamos um cigarro antes de dormir. Simplesmente era um momento que considerávamos ímpar. E assim foi passando o tempo e a quantidade também foi aumentando. Achava que era uma forma de liberdade, de prazer e até mesmo de aliviar as tensões quando algo parecia errado. Era a fuga. Algum tempo depois cada uma seguiu sua vida. Cidades, vidas diferentes. Comecei a trabalhar e a freqüentar uma universidade, ainda mantendo o vício.
E quando me sobrecarregava de tarefas, aumentava o consumo do cigarro, achando que ajudava a relaxar. Já era um consumo considerável. Não percebia que aumentava a ansiedade e por muitas vezes sentia dores fortes na cabeça. Assim sendo, em um determinado dia, resolvi fazer uma consulta. Quando o médico começou com sua entrevista, acredito que tenha sido a segunda pergunta: fuma? E eu respondi: sim. E a partir daí começou seu discurso. Tipo – você já se perguntou qual o sentido de acender um cigarro e vê-lo se desfazer em fumaça, contaminando você interna e externamente, além das pessoas que estão ao seu redor? Além de deixá-la com odor terrível de nicotina? Suas mãos, seus cabelos, seu hálito... ainda gasta dinheiro que poderia ser investido em algo mais útil. Pense nisso! Eu só assenti com a cabeça. Não tinha nenhum argumento para defender-me. Passou alguns exames de praxe e nos despedimos. Quando dali saí, comecei a refletir e me senti uma verdadeira idiota. Vi o quanto era sem sentido por um cigarro entre os dedos, acendê-lo, por na boca e me encharcar de fumaça. Decidi: vou parar de fumar. E comecei aquele calvário, sim, porque se abandonar um vício é doloroso. É necessário conscientizar-se, ter força de vontade. Os primeiros dias foram horríveis; o desejo voltava, era difícil de controlar; no primeiro aborrecimento ou sensação de perigo voltava o desejo quase que incontrolável. Se alguém se aproximasse fumando, ah, até doía de tanta vontade. Mas foram passando os dias, meses e superei definitivamente. Liberta desse vício abominável há mais de 20 anos. Hoje quando sinto o odor de cigarro fico asfixiada. Totalmente enjoada.
Nesta semana recebi um alerta com relação ao alto grau de ansiedade em que me envolvo. Percebi que procede a observação e sou grata a quem me fez despertar. Então diante disso, resolvi me policiar para controlá-la, combatê-la. Vou procurar viver cada momento sem pressa, como também deixar vir cada coisa no seu tempo certo. Se não houver um novo tempo, tudo bem, agradecerei pelo que vivi.
O vício do cigarro vencido. A ansiedade em combate.
Ainda que as coisas pareçam dolorosas, impossíveis, devemos procurar manter o equilíbrio e perseverarmos na luta até vencê-las. Somos capazes!