ATÉ QUANDO?
Existe uma frase atribuída a Cícero, que costumo repetir com freqüência quando alguém me rouba a paciência, e devo já ter citado por aqui, é esta: “Quousque tendem abutres, Catilina, patientia, nostra? – “ Até quando, ó Catilina, abusarás de nossa paciência? E faz parte das “Catalinarias”, que é um conjunto de discursos, que na época Cícero proferiu no Senado, quando foi nomeado cônsul, interpelando o traidor Lucius Sergius Catilina, ficando conhecidas, ao seu tempo, como uma das principais formas de ensino de argumentação de todo o mundo.
E que tem a ver o Cícero quando alguém abusa de minha paciência? Boa pergunta. Absolutamente nada! Mas que tem alguém me roubando a dita, tem sim. Parece até que está testando as minhas qualidades. As tais que compõem essa dona virtude, pois paciência requer educação, humanidade, calma e tolerância.
E ai eu indago feito Cícero, que não sou: até quando Lucius Sergius Catilina, que não é Lucius Sergius Catilina, abusarás da minha paciência? Se não sabes, o dia do “até quando” chegou e cá estou, despida de educação, humanidade, calma e tolerância, convocando a legião de Marcelo Celer e Antonio, que não são, ordenando que sigam para Etrúria e façam o cerco a Catilina, que não é, e o proclamem vencido e derrotado, e eu Cícero, que não sou, finalmente me veja liberto das amarras que me prendem a coisa nenhuma.
Que esta minha liberdade inspire Floro e que dele brote alguma frase, caso contrário, prevalecerá esta:
EU QUE NÃO SOU ESFINGE, QUEM QUISER QUE ME DECIFRE.