O ESTADO, DEUS DESTRUIDOR?

Leio a seguinte notícia:

«ILEGALIZACIÓN DE EAE-ANV (16/09/2008 12:47:00): La electa independentista Arantza Urkaregi ha denunciado hoy que la ilegalización de EAE-ANV es "una decisión política que ya estaba tomada". Asimismo, ha recordado que la izquierda abertzale [independentista] ya ha manifestado que "por encima de ilegalizaciones y de cualquier tipo de dificultades", seguirá con "su trabajo político" en favor de "la construcción política y social de Euskal Herria".

»DONOSTIA.- En una comparecencia en Donostia, ha indicado que la decisión de ilegalizar a la formación ekintzale "ya estaba tomada" ya que, según ha manifestado, se ha reunido la Sala del 61 y "debatir mucho no han debatido y ni siquiera han tenido en cuenta las alegaciones presentadas".

»Para Urkaregi, la ilegalización constituye "una nueva señal del estado de excepción" y ha afirmado que ya esperaban que en este mes se produjeran "nuevas agresiones" contra la izquierda abertzale desde el punto de vista judicial.

»A su entender, la resolución del TS supone "una decisión política". En ese sentido, ha agregado que, si bien aún no conocen su contenido, probablemente lo único que contendrá es "un maquillaje jurídico".

»Tras insistir en que es "una muestra clara de que no existe democracia en el Estado español" ha apuntado que quedan pendientes otras sentencias como las de EHAK o el movimiento pro amnistía que, a su entender, evidencia que el PSOE está "inmerso en una locura represiva".»

E continuo a ler este comentário de um representante do Partido Nacionalista Vasco, moderado e da direita:

«El presidente del BBB del PNV, Andoni Ortuzar, ha considerado la decisión de "extraordinariamente grave" y ha manifestado que el TS tiene que "justificar muy bien" esa decisión "sin precedentes en el ámbito europeo".

»En una entrevista concedida en Onda Cero, ha afirmado que "en una democracia europea, occidental, la disolución de un partido político y su ilegalización es un hecho extraordinariamente grave y raro".»

COMENTO:

No “Reino de España”, surgido da “transición” do regime ditatorial franquista, há Tribunais especiais, como essa denominada “Sala del 61", do Tribunal Supremo, especializada em ilegalizar partidos (vão já seis ou sete, todos independentistas bascos e da esquerda; nenhum da estrema direita, que os há, racistas, antidemocráticos, mas nacionalistas espanhóis).

Também há uma denominada “Audiencia Nacional”, na realidade continuadora do “Tribunal de Orden Público” franquista.

Por outro lado, cumpre conhecer que Juan Carlos I é rei do “Reino de España” por decisão do ditador Francisco Franco, que os fautores da “Transición” nem discutiram; simplesmente aceitaram.

O PNV ou Partido Nacionalista Vasco é partido das direitas e não abertamente independentista, embora com frequência faz acenos de tal.

EHAK é a sigla de Partido Comunista das Terras Bascas, partido independentista basco como ANV ou Acción Nacionalista Vasca, agora ilegalizado. Este partido que foi fundado durante a “II República española”, antes de que o ditador Franco se levantasse contra ela e a destruísse.

O PSOE é o partido dos presidentes do governo espanhol, atual, Zapatero, e, anterior, Felipe González: Partido Socialista Obrero Español. Parece pretender ser não “partido”, mas “inteiro”, único”; pouco lhe resta de “socialista” e de “obrero”; porém, “español” é e muito.

Lembram que há poucos meses o Brasil teve problemas com o “Reino de España” porque o “gobierno de la nación”, presidido por Zapatero, expulsou indiscriminadamente cidadãos brasileiros? Simplesmente o “Reino” aplicou restritivamente leis restritivas, contra a livre circulação das pessoas, quer dizer, contra a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM.

O pretexto que até agora utilizaram uns e outros para ilegalizar partidos foi que estes colaboram com a ETA; que, portanto, são a ETA. Mas acontece que ainda não conseguiram demonstrar, com provas firmes e seguras, nem essa colaboração nem menos ainda essa identificação.

Não quero tirar mais inferências... Dão-me medo... Sinceramente.

Contudo, sim questiono que o “Reino de España”, estado do Ocidente livre, seja plenamente estado dos que dizem ser democráticos, em que as liberdades cidadãos podem ser exercidas sem graves dificuldades. Parece por vezes encarnação anticristã de SHIVA ou XIVA, na tradição hindu, deus destruidor...

COntudo, desculpem que não possa continuar por esse caminho, porque XIVA destrói para construir algo novo, motivo pelo qual muitos o chamam de "RENOVADOR" ou "TRANSFORMADOR". Mas que novidade pretende construir o “Reino de España”? Ignoro-o porque ainda não mo explicaram.

Acontece que o que vejo é que pouco e pouco está a voltar à situação de repressão ideológica que padecemos nos tempos do franquismo (1936-1975), em que as liberdades cidadãs estavam constrangidas em prol de um "pensamento" uno e uniforme.

Não penso que o “Reino de España”, apesar das benções dos papas e dos cerimoniais católicos a que assistem os nossos governantes, pretenda encarnar em algum modo o Deus dos Cristãos, nem sequer o Deus do Santiago Matamouros... Ou sim, quem sabe.

Será deformação curiosa do Leviathan que descreve Hobbes na sua obra política ou político-filosófica?

Enfim... Que não se cumpram aqui as palavras, à maneira de poema, atribuídas a Bertold Brecht, mas do pastor protestante alemão Martin Niemöller (14 de janeiro de 1892 - 6 de março de 1984), a quem em 1966 lhe foi atribuído o Prémio Lenine da Paz:

«Primeiro vieram buscar os judeus e eu não me incomodei

porque não era judeu. Depois levaram os comunistas e eu também

não me importei pois não era comunista. Levaram os liberais e

também encolhi os ombros. Nunca fui liberal. Em seguida os

católicos, mas eu era protestante. Quando me vieram buscar já

não havia ninguém para me defender...»

Confortemo-nos porque também disse (com verdade?):

«Levou um bom tempo para eu aprender que Deus não é

inimigo de meus inimigos. Ele não é nem inimigo de Seus inimigos.»

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Hoje também publicam os jornais espanhóis que um grupo de crentes comprometidos com a sua fé católico-romana exigem do estado-reino que seja "aconfesional", como declara a "Constitución española" de 1978, vigorada.