A imbecilidade coletiva, o aquecimento global e os miseráveis

Confesso que até meus 20 anos de idade não tinha formação alguma. E em decorrência disso qualquer informação era inútil. E hoje eu percebo que naquele tempo as informações além de inúteis eram um perigo. Para quem não possui formação a informação é facilmente analisada pelo prisma do sentimento ralo, causando espanto, alegria, alívio ou preocupação. Preso nesse estágio em que me encontrava não sabia classificar as informações em relevantes e irrelevantes. Muito comum era que alguém dissesse alguma coisa, ou ouvisse no rádio, ou na televisão, e imediatamente eu me sentisse de determinada forma. Mas sentimento esse que ia embora rapidamente e daquela informação eu só tinha a sensação.

Há uns cinco anos atrás tomei conhecimento de um autor. Através de um livrinho que casualmente veio por mãos de minha mãe fiquei intrigado com a qualidade da informação que estava tentando digerir. Para minha graça aquele livro veio de um professor, era uma palestra transcrita. Minha vida então mudou pelo nome do minúsculo livro, que é facilmente lido em menos de duas horas. A Felicidade Desesperadamente.

Desde então o autor me cativou e comecei uma série de leituras. Acabei lendo todos os seus livros e percebi então algo que não sabia até então. Eu não possuía formação alguma. Nada sabia sobre discursos, valores, idéias, práticas etc.. E em decorrência da minha súbita ascensão do mundo da névoa eterna para da floresta limpa um sentimento de cunho mais profundo se apoderou de mim. Ali àquela altura estava totalmente desnorteado com o mundo de novas possibilidades, novos nomes, novas idéias. Os livros que lia interligavam a música clássica, com os valores pré-socráticos, passando por uma analogia antropológica, esclarecendo ideologias e criticando a crítica. Para começo de conversa era um bebê no meio de um tribunal de justiça. Nada compreendia. Mas por ter começado com um professor aprendi algo inestimável: chegar a bibliografia. Por começar com um filósofo aprendi, também, que as fontes primárias eram, e são, essenciais. Deveria então cautelosamente refazer o pensamento dos outros filósofos, finalmente vislumbrei que minha formação já tinha sido muito pior.

Para quem não faz a mínima idéia de nada do assunto, se metendo no caminho como autodidata, só tem que esperar uma coisa: um caminho tortuoso. Assim fui aprendendo aos poucos que as traduções são muito importantes para a leitura correta dos pensamentos dos pensadores. Aprendi que os comentadores sobre os pensadores são muito mais importantes do que você poderia imaginar a princípio. Nesse rumo as descobertas não paravam de chegar e enfim me perguntei algo que surgiu uns dois anos depois, mais esclarecido e muito mais longe de qualquer satisfação, se em dois anos experimentei essa diferença, porque cargas d’água passei mais de 15 anos estudando e nada disso, sequer minimamente parecido, se passou comigo?

Depois de seis anos de estudos, freqüentes e ininterruptos, considero hoje que tenho alguma formação, das mais precárias, mas muito consciente de que evitei alguns livros que eram para serem evitados e acabei tomando conhecimento doutros que se mostraram muito acertados. Enfim, não é assim a toa que em meio aos afazeres do dia a dia alguém consegue tirar um atraso de quinze anos na sua formação. Fui descobrindo aos poucos que muitos dos pensadores que mais me admiraram eram pessoas que munidas de seus interesses particulares carregavam a tarefa nos ombros alheios a qualquer incentivo do meio. No fim das contas uma sensação avassaladora tomou conta de mim. Estou sozinho.

Mas o leitor pode perguntar o que isso tudo tem a ver com o tal do aquecimento global. Já explico. Antes devo esclarecer que umas das formas mais prazerosas de experimentar o conhecimento é quando munido das ferramentas certas no pensamento o ser consegue intuir uma idéia que a princípio foi apenas uma idéia. Mas ao aplicá-la a um conjunto da realidade ela começa a fazer sentido e daqui a um tempo ela é parte integrante do pensamento, simplesmente por ser reconhecível em todos os cantos para que se olhe. Nesse âmbito devemos considerar que as idéias chegam aos poucos, a percepção acumulada de eventos repetitivos causa uma pré-disposição mental a conseguir captar essas sínteses. Consequentemente as leituras também ajudam, mas as idéias só tomam parte integrante do ser quando conseguem realmente atingir o âmago do pensamento, que é a sensação inata de que aquilo é verdade, impossibilitada de veto.

Eis que Pascal diz algo como que seu humor não é afetado pelo tempo, que as pessoas ao seu redor manifestam-se freqüentemente tristes ou alegres simplesmente pela mudança do tempo. Essa idéia na hora em que li pareceu-me mera curiosidade, até porque podemos constatar que ela se aplica também ao nosso cotidiano. Muitas das vezes as pessoas ficam cabisbaixas quando chove, às vezes felizes quando faz Sol. Outras vezes felizes quando chove e estão em casa, e muito irritadas quando faz Sol e estão trabalhando. Ou seja, essa associação do humor com o tempo é muito comum. Basta para completar o parágrafo que lembremos a total irracionalidade desse sentimento, é algo que inato, normal. Embora, como em Pascal, e a mim por exemplo, não acontece.

Tendo esclarecido que essa recorrência é um fato, que basta viver para constatar a realidade disso, e de como que essa idéia surgiu como um fato entranhado na rede da realidade da minha vivência devo colocar agora outro fato, a fim de complementar o pensamento.

Nossos telejornais, assim como os impressos, atualmente tratam do tema tempo como se este fosse um ente, um personagem na vida de todos nós. O tempo é apresentado diariamente com requintes de drama ou alegria. O Sol, quando apresentado como precursor de dias ensolarados que são propícios a um dia de praia, é noticiado como o salvador da pátria, assim como a chuva é recorrente um enviado do apocalipse, trazendo caos, irritação e sempre aliada a um sentimento de depressão. Em áreas em que a chuva não cai há muitos meses o clima é a vilão. Quando o Sol é mostrado como causador de tempos secos, as massas de ar quente que fritam regiões dias e mais dias, vem associado ao terror, a miséria etc.. Enfim hoje diariamente temos o personagem, horas bom horas mau, que é sempre exaltado em termos maniqueístas pelas mídias. O que pela associação mais básica do mundo entra em acordo com o mais básico dos sentimentos de associação do humor ao clima da população.

Por uma coincidência do destino, será?, essa transformação do modo que a meteorologia é informada ao longo do tempo teve uma reviravolta quando de repente o assunto do aquecimento global começou a ser erigido como política pela desavergonhada Margareth Thatcher. A idéia do aquecimento global já foi desmentida por inúmeros estudiosos em obras das mais variadas, mas foi convertida em militância internacional. Basta que alguma pessoa sensata diga algo científico contra a idéia de aquecimento global para ser praticamente caçada como uma bruxa na Inquisição.

E a idéia é essa mesma. Ao aplicar o discurso esquizofrênico e mentiroso que pega as pessoas simplesmente no contrapé do já pouco ativo pensamento, ele adentra como que realidade mesma. A isso existe o nome de paralaxe cognitiva. Inúmeros estudos, o surgimento de grupos militantes, políticas de países inteiros são criadas com base no nada, uma mentira deslavada, uma farsa grotesca. O pensamento humano está cada vez mais sobre ataque. Não só o pensamento, mas a prática, a constituição da sociedade está baseada em uma mentira.

Todos os dias uma torrente de informações jornalescas chega às casas do povo. Terremotos, furacões, inundações, secas e demais manifestações climáticas são todas postas em direta correlação com a pseudo-teoria do aquecimento global. Por mais imbecil que a correlação seja, como é modismo essa associação os jornais não se privam nem um minuto dessa possibilidade, lascando em qualquer manifestação legítima da natureza uma tag de conseqüência do aquecimento global provocado pelo homem. E as pessoas no mais santo pacifismo concordam e apregoam essa realidade à suas vidas, comprando alimentos de empresas com selo de consciência ambiental, votando em candidatos que dizem lutar contra o aquecimento do planeta, se filiando a organizações “responsáveis” etc.

O nível de emburrecimento generalizado é latente. Não digo de ignorância, pois todos somos ignorantes em muitos pontos, mas de burrice mesma. A burrice é fomentada a cada dia e a cada hora nas mais surreais abdicações do pensamento claro e reto. Qualquer pessoa minimamente afastada do processo de imbecilização coletiva teria a mínima disposição para perguntar aquela pergunta que toda criança faz em abundância: porquê?

Nossa capacidade mental está sendo atacada a cada dia com as mais diversificadas formas de se embrutecer o ato de reflexão. Basta que uma pessoa cite uns fatos e faça umas meras e corriqueiras correlações mentais para que seja taxada de radical, fascista, preconceituosa, discriminadora etc.. Hoje em dia afastar o pensamento de qualquer erro é fácil, basta eliminar os opositores que professam a verdade. O truque é fácil de perceber, basta que englobe todas as pessoas sensatas no grupo de radicais. Basta que alguém diga “você está sendo muito radical” para que todas as outras pessoas participantes da discussão relaxem e aceitem isso de bom grado como se isso as restabelecesse ao mundo normal e previsível, onde opiniões não devem ter correspondência com a verdade, mas meramente com o mundo fantástico criado na mente imbecil coletiva.

Qualquer tipo de inquietação, como a que eu sentia há seis anos, é rapidamente resolvida em consultórios de psicologia, ou psiquiatria. Quando a verdadeira patologia é difundida e venerada pelos quatro cantos do mundo. Qualquer descoberta que abra minimamente a mente da pessoa para um mundo de esclarecimentos é tida como “viajante” logo antes dela cumprir seu papel. O estado de calamidade intelectual por que passamos é gravíssimo. Se já não havia antes o hábito de discorrer sobre coisas e assuntos na vida do cidadão do povo, agora essa realidade se passa em todos nos níveis da hierarquia social. Quando o slogan “universidade para todos” é proferido, as pessoas não percebem de cara qual o problema disso. Esse slogan quando cumprido na prática extermina, põe abaixo, qualquer distinção de saber superior, de conhecimento. Se o bacharel era aquele que através de estudos conseguia criar um conhecimento diversificado e novo, agora, quando todos são bacharéis, todos pensam da mesma maneira, a maneira mais fácil de acabar com distinções é ajustar todos no molde igualitário, operação que quando completada extermina qualquer tipo de atividade individual válida.

Igualando todos os pensamentos, extinguindo todo o tipo de conhecimento meritório (universidade para todos é dizer que o mais sábio e inteligente é igual ao mais inerte mental), criando mecanismos de defesa contra qualquer tipo de opinião embasada e excluindo todas as pessoas fomentadoras da inteligência factual da sociedade, só poderíamos terminar no mundo em que estamos, que baseados nos fatos mais idiotas, e sem comprovação do momento, terminam por ditar todas as políticas de ação do mundo. O que não dizem é que reduzindo a emissão de CO2, que não afeta de maneira alguma a nossa atmosfera em escala necessária para mudar clima algum, automaticamente reduz-se a zero a possibilidade de países subdesenvolvidos e de países em desenvolvimento de se desenvolverem. Basta ver a eficácia das energias alternativas, e em países africanos postos médicos que funcionam com a maravilhosa energia solar (em painéis que custam muito mais que qualquer tipo de geração de energia elétrica baseada no carvão) só conseguem manter a geladeira do posto, ligando uma lâmpada a energia já não basta. Relegar continentes inteiros ao subdesenvolvimento não está no discurso do aquecimento global fake que tanto proferem por aí. E enquanto isso nossas massas de zumbis programados defendem abertamente essa aberração ideológica feita exclusivamente para um controle social das populações.