Simetria
-Tudo simetricamente igual! – Respondi.
Nada, nada mudou. Esse ideal de mudança, de descobrir o novo, de realizar o incerto ainda está longe dos nossos padrões. Mas é uma necessidade perene. Onde encontrar, nas gavetas do nosso ser, os contratos para serem rasgados?
São gavetas camufladas, para nunca serem descobertas e desrespeitadas. Apertam-nos o peito de maneira sutil, para que não sintamos a dor da vontade de abri-las. Os que descobrem e destroem seus documentos tornam-se livres das amarras da vida, porém, muitas vezes, o preço é alto e a felicidade que se supunha ganhar com o feito, torna-se distante ainda mais, barrada pelas convenções cínicas do mundo. Outros são ovacionados por terem conseguido libertar-se dos padrões e encarar a felicidade de frente.
Para não corrermos o risco, acostumamo-nos à rotina, acomodamo-nos com o que temos e deixamos de explorar todo o nosso potencial como pessoas, pais, profissionais, filhos, cônjuges.
Somos seres muito capacitados, sempre tem um algo mais a ser descoberto, libertado, desamarrado. Só precisamos encontrar a chave.
Todos sabemos disso.
Mas sair em busca da chave, procurar, investigar, quebrar a cara, dá muito trabalho.
É muito mais fácil ficar aqui, sentadinhos, esperando que o inesperado aconteça, que a boa nova chegue, que alguém a encontre e nos traga generosamente.
E assim, a rotina continua, na estática simetria da vida.