Cimento fresco em lágrimas.

A menina tava de mão com a mãe, ouvindo a conversa dela com mais alguém que não importava bem saber.

De repente, seus cabelos finíssimos e loiros mexeram, ela foi ver de onde vinha aquele cheiro de cimento fresco que pairava no ar.

Liesel correu em direção ao local e olhou a textura daquele futuro solo.Teve vontade de desenhar, foi quando seu avô,dos lindos e miúdos olhinhos azuis se aproximou e fez a proposta.

Os dois escreveram seus nomes " Liesel e Vô Nonô" juntamente com a data.

A pequena talvez não tenha sabido interpretar, mas o avô que já sentia o peso da idade chegar com uma enorme velocidade, fixou o olhar nas escritas e pensou que estariam para sempre marcados ali.A amizade destoante de duas gerações distantes, o carinho da mão com calos pegando na outra delicada para ensiná-la o valor das letrinhas e a vontade que,todos temos, de deixar nossas marcas.

Os olhos do velho enxeram-se de lágrimas que caíram no cimento formando uma poça em volta das assinaturas, mas o sol a secou.

Isa de vírgulas
Enviado por Isa de vírgulas em 13/09/2008
Código do texto: T1176238
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.