A MARATONA

NOTA DA ESCRIVANINHA DE ZÉLIA MARIA FREIRE: Outro dia esta cronista escreveu um texto meio zangado e a nossa doce Malu sugeriu que eu desse uma relaxada e fosse ler a "Turma da Mônica" , leitura que ela costuma fazer. Foi aí que eu, que sou a cronista, resolvi inventar a minha própria historinha e dedicar pra Malu. Entonce... VAI QUE É TUA, MALU!!!

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Inventei uma fábula. Mas antes de contá-la direi que o bom nesta arte, era Esopo, que viveu ninguém sabe ao certo, se na Ásia Menor ou na Grécia, lá pelos idos de 450 a.C. O que sei mais dele, é que era um escravo liberto, homem feio e disforme, inteligente e bem humorado, que se notabilizou por seu talento como autor de fábulas, nas quais utilizou histórias de animais para criticar a vida e os costumes dos homens. Sabe-se que muitas dessas fábulas eram conhecidas do filósofo Sócrates, que se distraia na prisão colocando alguma delas em versos. Esopo morreu na cidade de Delfos na condição de enviado de Creso, rei da Lídia, onde foi para consultar um célebre oráculo, lá se revoltou com a impostura dos sacerdotes. Os habitantes da cidade irritaram-se com isso, por vingança, atiram-no do alto de um rochedo.

Feito o intróito, que se “deleite” o caro leitor/leitora, com esta fábula de minha lavra (eita, palavrinha urg!!!).

Dona jabuti, mulher do jabuti, de ilustre família dos quelídios, estava novamente em evidências, não por méritos alcançados no exercício do magistério, de cuja classe pertencia, e que por falta de vocação não professorava. O fato advinha de uma nova investida: sua participação numa maratona na terra do elefante, para onde convergiam todos os holofotes, haja vista a importância do evento.

Tendo como treinador mister jabuti, seu marido, andava dona jabuti às voltas com os preparativos da dita maratona. Após a primeira avaliação, ficou patente o quanto fora de forma estava dona jaboti. Mesmo assim não se deu por vencida e partiu para o vai-ou-racha. Antes de tudo, socorreu-se de uma plástica nas pálpebras para abrir bem os olhinhos a fim de não tropeçar nas pedras do percurso. Em seguida, meteu a lingua nos dentes e feito o canguru boxeador, xingou e desafiou os seus concorrentes.

Fita na cabecinha, sorriso torto e desdenhoso nos beiços, exibindo o V da vitória, caminhou dona jabuti para o local do evento. Lá chegando, chamou para si, luz, câmara, ação, exigiu o bater da claquete, para em seguida lançar o seu protesto pela falta de espaço na mídia. Enquanto dona jabuti reclamava, já estavam posicionados na linha de largada os seus concorrentes: o coelho Pernacurta, Dumbo Junior, Zé Carioca, tambem conhecido como o papagaio falante.

Dado o tiro de largada, aconteceu o esperado. Pernacurta saiu na frente, seguido de Dumbo Junior, no seu passinho de elefante. Arrastando-se, lá se foi dona jabuti, no seu calcanhar o papagaio falante.

Voltas e mais voltas foram completadas. Pernacurta sempre na dianteira. Quando da sua quadragésima oitava volta, ao ultrapassar mais uma vez a dona jabuti, ouviu dela um queixume: há quanto tempo ando e só dei seis voltas! E o macaco gozador, segurando a bandeira quadriculada, na condição de fiscal de pista, respondeu: seis não, apenas cinco virgula nove. Foi quando se ouviu uma voz cavernosa, saída de não sei onde, gritando : CORRE JABUTI!!!!!!

O ELEFANTINHO Dumbo Junior, “pregou” na vigésima oitava volta. E sentado na beira do caminho implorava: água meus lourinhos! Como resposta recebia: azeite elefantinho!

Quanto ao papagaio falante, diante de sua performance nada animadora, a torcida animal estava dividida: uns gritavam abandona!!! Abandona!!! Outros diziam Fica!!! Fica!!!

Enquanto a maratona prosseguia, pesquisas, ou melhor, prognósticos eram lançados a respeito do nome do possível vencedor. Todos apontavam Pernacurta na cabeça. Com o que não concordava dona jabuti e muito menos mister jaboti, seu marido e treinador, que apontava maracutaia e perdeu as estribeiras quando dona jabuti foi abordada sobre tal resultado por um alce que estava fazendo a cobertura do evento. Apesar do tumulto o alce , que era correspondente estrangeiro, gastando a língua espanhola, conseguiu arrancar de dona jabuti a seguite resposta: Yo no creo em los prognósticos. O macaco da bandeira preta que estava por perto, gozador todo completou: pero que lãs hay, lãs hay.

Foi quando mister jaboti não se conteve e de dedo em riste partiu pra cima do macaco e falou grosso: Por que não te calas? O macaco nem deu resposta, pois a essa altura estava acenando a bandeira de chegada, proclamando vencedor o coelho Pernacurta.

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 13/09/2008
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