CRÔNICA DE UMA VIAGEM IX


Era como se estivéssemos em plena cidade de Hollywood. O tapete vermelho, o glamour, a presença constante e variada dos astros, o povo aclamando, abraçando e correndo atrás de autógrafos, um insofismável ar de festa espraiando seus miasmas em derredor. As celebridades do cinema nacional e da TV, quase sempre as mesmas pois atuam nos dois segmentos dessa arte, passavam por nós com a maior naturalidade em algumas ocasiões, indo para seus compromissos ou simplesmente desfrutando as belezas da encantadora cidade de Gramado. Nelson Xavier, por exemplo, com aquela serenidade ímpar tão característica sua, andava sozinho pela praça nas proximidades da Rua Coberta, bem alí ao nosso lado, tranquilo, bastante pensativo pude observar pelo ser jeito introspectivo a mim visível. Paulo Betti, acompanhado de uma mulher que não conheço, provavelmente sua esposa, também desfilava sem aglomerações mas apressado em seu caminhar, ou então ocupava-se em dar entrevistas aos diversos repórteres que circulavam por todos os lugares com suas parafernálias de filmagem.

Um carrão pertencente a determinada revista de assuntos relativos aos famosos conduzia, em marcha lenta, estrelas mais sensíveis e nada chegadas a misturar-se com as legiões de fãs e seus indefectíveis caderninhos de autógrafos. Eles olhavam a vida das casamatas ambulantes, como a proteger-se do assédio geral e do tumulto que geralmente causam aonde vão.

Eis que súbitamente o ator Antonio Calone passava pela avenida principal de Gramado sob os olhares dos circunstantes, adentrando o cinema acompanhado por um séquito de admiradores e pessoas de sua relação pessoal. E lá adiante estava Walmor Chagas atendendo, solícito, aos pedidos de jornalistas especializados em matérias variadas da mídia.

Danielle Escobar deu um belo show de simpatia atendendo o clamor do seu fã clube e de quantos gritavam extasiados o seu nome. Muito sorridente sempre, ao lado um jovem de exagerada estatura usandoDaniella Escobar no tapete vermelho de Gramado.
 chapéu amarronzado - talvez o namorado, certamente, - A atriz Nívea Stelman adentran o tapete vermelho do Festival de Cinema de Gramado/2008ela acenava toda alegre à platéia entusiasmado e tirava fotos com muitos jovens, rapazes ou moças.

Outra celebridade televisa também bastante simpática foi Nívea Stelman, que jogava cumprimentos  à galera com gloriosos sorrisos alegres e palavras de entusiasmada delicadeza.

Os atores do filme Cidade de Deus se mostraram expansivos e divertidos, rindo e cumprimentando uns e outros. Diretores de cinema, assistentes, contra-regras, atores ainda não muito famosos e o povão se misturavam na comemoração do cinema brasileiro.

As sessões para o público aconteciam em horários diferentes daquelas destinadas ao seleto grupo da elite cinematográfica, mesmo porque quando esses estavam no local havia as homenagens, os debates, as entrevistas, etc. Não caberia todo mundo. O preço do ingresso me pareceu deveras salgado e não acessível a todos. Certa noite, eu e minha esposa fomos abordados por uma garota meio aflita que nos ofereceu duas entradas por oitenta reais, a metade do preço. Angustiada, vestida de maneira espalhafatosa e parecendo bem jovem, ela se esforçava para realizar a venda alegando que já estava tarde, suas amigas tinham ido embora e não haveria condições de voltar para casa altas horas da noite sozinha. Naquele momento, não sei por que, o sexto sentido me dizia para não confiar naquela garota. Dissemos de nosso desinteresse, mas ela continuou a insistir quase suplicando, falante como o homem da cobra, toda serelepe e ousada em seus argumentos convincentes. Foi necessário olhar bem nos olhos dela e falar sério, profundamente sério, para que ela fosse cantar noutra freguesia.
Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 12/09/2008
Reeditado em 12/09/2008
Código do texto: T1174443
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