A escolinha do sargento Garcia
Estou chegando aos 100 textos. Faltam 3. Então, por absoluta falta de criatividade para marcar esse evento que para mim é muito importante, vou reproduzir na seqüência os meus 3 textos menos lidos e quase sem nenhum comentário, de tão ruins que devem ser.
Quem sabe, haja ainda alguma esperança para eles. Se alguém quizer arriscar perder uns 2 minutos, aquí vai o primeiro:
" A primeira vez que alguém despertou minha curiosidade sobre a Dinamarca foi na velha Escola Técnica de Comércio da Vila Industrial. Ali, grandes amizades: Cláudio, amigo inseparável de tantas paqueras dentro e fora da Escola, João Carlos cujo único interesse na vida era os Beatles; José Augusto, o “varíola” alto, magro, comunista convicto; seu Antonio, que já com mais de 50 anos ainda encontrava ânimo para aprender e ensinar lições de vida e tantos outros. Onde andarão ?
A “escolinha do Carlão" tinha ares de hacienda mexicana e lembrava muito os locais onde o Zorro se esgueirava para atormentar a vida do Sargento Garcia. O Dr. Carlos, Diretor da Escola, era o próprio Sargento na altura e na largura, só que sempre de cara amarrada e muito nervoso, transmitindo a certeza de que estava para ter a qualquer momento uma síncope cardíaca tal a pressão que impunha aos alunos e a si próprio, subindo e descendo aquelas escadas com muita pressa, todo o peso e nenhum jeito. Seu único terno escuro tinha muitos números e muitos anos a menos, com uma gravata que fazia o favor de satisfazer o nosso desejo de apertar a sua garganta até enforcá-lo. Fora da Escola ou mesmo em ocasiões esparsas, ele era outra pessoa, cordial e agradável, mas logo voltava a interpretar o mesmo papel: furioso e irascível. Era dentista e, imaginávamos, não devia usar anestesia nos seus pacientes.
E os professores: Divino, de Matemática, indecifrável em sua falta de expressão mas que numa noite nos contou suas experiências como alquimista e sua tentativa de obter ouro combinando outros metais. Pode???!!! Renato, de Português, cujo brilhantismo e cultura causavam deslumbramento e uma ponta de inveja; Maria Lucia, Geografia, morena alta e cheia de curvas, sorriso contido numa expressão forçada de seriedade e que de vez em quando se desprendia e iluminava a classe. Dona Bernardete, professora de História, que nos mostrou com seu projetor de slides (aqueles antigos, de carretel...) imagens de sua recente viagem. Foi essa a semente que só germinou muitos anos depois, pois nem em sonho eu imaginava que um dia teria a chance de estar dentro daquelas imagens.
Cheguei a Copenhagem..."
Obs. o texto sobre Copenhagen está também aí no site e deve ser um pouco melhorzinho que esse , pois foi um pouco mais lido e até recebeu um comentário da Maria Olimpia que me incentivou muito.
Estou chegando aos 100 textos. Faltam 3. Então, por absoluta falta de criatividade para marcar esse evento que para mim é muito importante, vou reproduzir na seqüência os meus 3 textos menos lidos e quase sem nenhum comentário, de tão ruins que devem ser.
Quem sabe, haja ainda alguma esperança para eles. Se alguém quizer arriscar perder uns 2 minutos, aquí vai o primeiro:
" A primeira vez que alguém despertou minha curiosidade sobre a Dinamarca foi na velha Escola Técnica de Comércio da Vila Industrial. Ali, grandes amizades: Cláudio, amigo inseparável de tantas paqueras dentro e fora da Escola, João Carlos cujo único interesse na vida era os Beatles; José Augusto, o “varíola” alto, magro, comunista convicto; seu Antonio, que já com mais de 50 anos ainda encontrava ânimo para aprender e ensinar lições de vida e tantos outros. Onde andarão ?
A “escolinha do Carlão" tinha ares de hacienda mexicana e lembrava muito os locais onde o Zorro se esgueirava para atormentar a vida do Sargento Garcia. O Dr. Carlos, Diretor da Escola, era o próprio Sargento na altura e na largura, só que sempre de cara amarrada e muito nervoso, transmitindo a certeza de que estava para ter a qualquer momento uma síncope cardíaca tal a pressão que impunha aos alunos e a si próprio, subindo e descendo aquelas escadas com muita pressa, todo o peso e nenhum jeito. Seu único terno escuro tinha muitos números e muitos anos a menos, com uma gravata que fazia o favor de satisfazer o nosso desejo de apertar a sua garganta até enforcá-lo. Fora da Escola ou mesmo em ocasiões esparsas, ele era outra pessoa, cordial e agradável, mas logo voltava a interpretar o mesmo papel: furioso e irascível. Era dentista e, imaginávamos, não devia usar anestesia nos seus pacientes.
E os professores: Divino, de Matemática, indecifrável em sua falta de expressão mas que numa noite nos contou suas experiências como alquimista e sua tentativa de obter ouro combinando outros metais. Pode???!!! Renato, de Português, cujo brilhantismo e cultura causavam deslumbramento e uma ponta de inveja; Maria Lucia, Geografia, morena alta e cheia de curvas, sorriso contido numa expressão forçada de seriedade e que de vez em quando se desprendia e iluminava a classe. Dona Bernardete, professora de História, que nos mostrou com seu projetor de slides (aqueles antigos, de carretel...) imagens de sua recente viagem. Foi essa a semente que só germinou muitos anos depois, pois nem em sonho eu imaginava que um dia teria a chance de estar dentro daquelas imagens.
Cheguei a Copenhagem..."
Obs. o texto sobre Copenhagen está também aí no site e deve ser um pouco melhorzinho que esse , pois foi um pouco mais lido e até recebeu um comentário da Maria Olimpia que me incentivou muito.