E viva nós mulheres
Se não me colaram no tempo/me puzeram uma alma viva e
um corpo descompassado/ agora o que faço?
(ANA CRISTINA CESAR)
Um bom preâmbulo para um começo de conversa sobre a
mulher. Mas não da mulher de antigamente, dócil e das prendas do lar.
Conversa sobre a mulher dos novos tempos aquela que luta e divide com seu homem as responsabilidades e tarefas.
Aquela mulher prática, trágica, romantica, livre, caótica e
louca (no bom sentido). Porque francamente pra segurar essa barra é
necessário ter todos esses atributos.
Mulher que tem um desassossego em relação ao futuro da
familia e suporta com valentia os questionamentos que esse desassossego trás.
Mas continua mulher em preto e branco ou a cores, mas
não deixa escapar a feminilidade de uma alma poética na vida que a-
travessa.
Mulher comum como eu e você que ainda acredita que a mais linda roupa que existe é o abraço do homem amado.
Mulher de pele frágil que se coloca em contato com o amado
e as extremidades se enchem de sensações.
Mulher que tem sempre algo a dizer. Cada uma a sua ma -
neira nesse mundo tão soterrado de coisas bobas e sem imagens.
Mulher que já não confia nos romances construidos para se
desfilar socialmente com alguma aquisição sexual do outro lado.
Mulher que não coisifica o homem.
Mulher que ainda guarda romantismo mas não cai em pran-
tos em nome desse romantismo, porque foi abandonada. Isso já saiu
de cena. Hoje ela chora e sofre, mas flutuando na dor.
E principalmente, nós mulheres, eu e você que somos mães, filhas, esposa, amante e, acreditamos no amor que faz a revolução:
"Você me abre seus braços e a gente faz um país"