DOS QUE ESCREVEM
Os que escrevem, é sabido, tem uma imaginação fértil e sua pena é livre, a forma, cada um escolha a sua: fala-se na primeira pessoa ou usa-se uma segunda para dizer o que a primeira pensa,esta, situado-se na condição de narrador passivo -, mas soltando a língua da segunda, -“ agente ativo” – que, a quem tudo é permitido dizer , recaindo sobre si, as conseqüências dos seus dizeres, afinal, a segunda não passa de um personagem saído do imaginário do narrador passivo.
Assim, jamais saberemos se Goethe era Werther, que amava Charlotte, por quem nutria uma paixão avassaladora e impossível.
Jamais saberemos se Shakespeare era Romeu ou Otelo
Se Francesco era Petrarca, que amava Laura, que tinha Novaes no sobrenome e era casada com Ugo de Sade.
Se Dante era o Dante que amava Beatriz
Se Tomás Antônio Gonzaga era Dirceu , que amava a camponesa Marília, que não era loura e sim morena
Se David H. Lawrense é Clifford Chatterley e se Frieda Von Richthofen é Constance Chatterley, que amava Mellors, com que traia Clifford ou Lawrense
Se Gustavo Flaubert é Carlos Bovary e se Louise Collet é Ema Bovary, que traia Carlos.
E assim, seguimos nós, sempre atrás da cortina, manipulando os nossos bonecos de marionetes, ora divertindo, ora fazendo chorar, pensar, sonhar...E sempre atrás de cortina... Sempre atrás da cortina...