O olhar vasculha, vê, sente

Olhar o mundo, o amor, tudo o que vemos à nossa volta, olhar o entusiasmo e até mesmo a angústia e o pavor.
O olhar provoca, incita e desperta interesse.

No erótico, o olhar é flecha lançada à procura do desejo.
Quando escrevo uso o olhar e vou me infiltrando nas brechas donde vislumbro saídas e entradas, mas de onde não vejo tudo, porque o incompleto é que dá movimento e forma para circular desejos e palavras deslizantes.

Olhe com amor, descubra tudo através do teu olhar.
Um olhar exige pouco do nosso tempo horizontal, cronológico e linear. É direto.
Ele exige sim muito do nosso tempo vertical.
Quando pousa toca na área sutil dos afetos e nos deixa extasiados ante ele.

O olhar é capaz de dinamitar pontes entre você e o outro e enriquece o outro de amor, afeto e amizade.

Olhamos demais nossas singularidades para nos tornarmos um. Olhamos mais a busca que a fusão, mais a completude que a incompletude. Olhamos mais as harmonias, os contrapontos, as dissonâncias para nos tornarmos monólogos.
O olhar é fácil.
Olhar-se está a alcance de quaquer um
Amar, não.

O poema renasce daquilo que o leitor lhe oferece em nudez interior. E para o poeta ser lido com o olhar emaranhado de encantamento sua poesia é a maior glória.

Fernando Pessoa diz" o poema é uma avenca, planta sensível que definha ante um olhar torto, mas também é um fênix exuberante que renasce quando irrigado".

Bons olhares, bons fênix renascidos, bons amores.
ysabella
Enviado por ysabella em 08/09/2008
Reeditado em 17/09/2008
Código do texto: T1168260
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.