REAVALIANDO A VIDA!
Estou cansada de brigar por qualquer que seja a causa, justa ou não. Tenho consciência de que o tempo passa, as coisas se transformam, tudo muda de lugar e de cara e você precisa mudar com elas. A mesmice, além de cansativa, é burra. A evolução consiste em aceitar as transformações que se sucedem ao seu redor e em você mesmo.
- E que são constantes!
Quero fechar as cortinas de meu apartamento, apagar todas as luzes não atender ao telefone nem à campainha, encerrar-me em mim até quando achar necessário para a minha completa cura, pelo menos por um dia! Quero reavaliar minha vida, reaver a minha alegria e, se estiver triste, que a minha tristeza tenha a cor mais escura que há, para que não haja nenhuma dúvida quanto ao meu estado de espírito.
- A tristeza tem a cor triste!
Quero um amor que me aceite como eu sou e não pela imagem desgastada que fui no passado. Que não me olhe com pesar e nem me culpe pelas transformações que o tempo promoveu em mim – na alma e no corpo. Inexoráveis e tão presentes quanto a própria vida.
- O tempo passa, as ilusões ficam!
Que me faça carinhos como se estivesse acariciando aquele corpo, odiosamente perfeito e com o frescor da juventude passageira da qual um dia eu também provei de seu sabor. Que me olhe com doçura e companheirismo e que saiba ouvir-me sem recriminações e falar-me de sua vida, seus medos e fragilidades, sem que isso o torne inferior a mim.
- Nem mesmo superior.
Quero ter o direito de ausentar-me dele e de mim, quando isso se tornar imprescindível para nós dois. Fazer amor como uma donzela, sem tornar-me santa e, quando sentir vontade, reinventar posições sem o rótulo de devassa. Quero poder prevalecer-me de minhas virtudes e meus defeitos.
- Detesto rotulagem injusta e cruel.
Quero poder escrever o que tiver vontade ou o que minha inspiração me ditar, sem melindres e sem provocar ira, maledicências ou o sentimento de inveja em ninguém. Na mesma medida, não gostaria de sentir ciúmes ou inveja de algo que meu semelhante possua, seja seu dom natural ou um bem material. Que jamais experimente este sentimento.
- A inveja é insana e destrutiva.
Quero falar a verdade, cara a cara, ou omitir-me quando não sentir vontade de dizer coisa alguma. A autenticidade não reside no fato de você dizer o que pensa em todas as situações, mas também em saber calar, quando o momento exige. A sabedoria está ao alcance de todos, de mim também.
- O silêncio é fiel!
Quero olhar-me por dentro, revolver as cinzas do meu passado e não arrepender-me de nada do que fiz ou do que deixei de fazer. Saber que para tudo há um tempo e que o meu tempo para algumas coisas que por ventura eu deveria ter realizado, já passou e lágrimas não irão me ajudar.
- O tempo não espera, urge!
Quero ter muito tempo para viver e que, ao morrer, que a dignidade não me abandone nem a solidão seja minha companheira. Viver o tempo que me resta, sem questionar-me a existência magnânima de um Deus e, caso a minha fé vacile, que eu tenha esse direito.
- Ele entenderá!