Múltiplas faces...
Aos poucos vou percebendo minhas múltiplas faces, uma sob a outra, escamoteada como máscaras ilusórias. Todas são verdadeiras, não há falseamento de imagem, apenas diferenças concernentes aos lugares, cada contexto uma face, um comportamento, uma postura, ser assim é tão normal, todos temos os nossos vários ‘eus’, em alguns é mais perceptível em outros nem tanto. Ser múltiplo é necessário, na verdade se constitui em uma das regras básicas do jogo da vida.
Será que há um ‘eu’ exato? Quando as pessoas de vários lugares se reunirem, qual das minhas faces se sobressairá? São perguntas vazias, ecoantes num cérebro confuso e cheio de dúvidas, que se encontra sempre no limiar da loucura, mas que transmite uma coesão imperturbável ao exteriorizar no semblante a racionalidade conveniente à aceitação na sociedade.
Na solidão busco encontrar a essência de mim, mas como é difícil! Tudo sou eu! Como todas as cores é a essência do branco, todas as minhas faces formam o meu ‘eu’ exato, e o tudo se transforma nesse aparentemente nada, nesse vazio constrangedor, que parece até mesmo ser a falta daquilo que comumente se chama de alma...