Descoberta...
Início este prológo com uma célebre frase:"ser ou não ser? eis a questão..." e ouso acrescentar: sou e sou, eis a solução. Tal afirmação não pressupõe presunção, mais a convicção do que sou e do que, ainda pretende ser.
No meu estágio de amadurecimento, que alguns definem por "envelhecimento", "idade da loba", ou a última "fruta amadurecida". Compreendo que esta frase traduz muito mais do que os meus cabelos brancos e as rugas possam demonstrar.
Caracteriza-se por uma contínua construção do real "existir", que não se resume no simples viver por viver, fazer por fazer.
Mediante esta consciência e um pequeno mais intenso legado de experiências, estou aos poucos me encontrando, ou melhor, me amando.
De que forma?
Sentindo-me criatura e criadora de meus pensamentos e ações.
Percebo que "tenho trocado passos com a solidão, mais estes momentos são só meus e eu não abro mão..."
O que importa é que "já sei olhar o rio por onde a vida passa... sem nem me precipitar e nem perder a hora..."
E como o tempo é rápido, passageiro.
"Quando se vê já é 6 horas...quando se vê já é sexta-feira; há tempo.
Quando se vê já se passaram 60 anos.
E Agora?
Finalmente a grande descoberta, o delírio fenomenal e assombroso: sou mortal!
Então volto a interagir com os demais e penso que "tenho que viver o agora como se não houvesse o amanhã..."
Mas e quando existe o amanhã?
Sei que o amanhã sempre existirá mesmo que eu não faça parte dele.
Por isso, o agora, este momento único, é dádiva e tem que ser marcante, representativo, memorável.
Veiculando este pensar a relaciomentos especialmente aquele que nos arrebata o coração e passa a guiar nossa razão.
Neste departamento me considero aprendiz do aprendiz e mesmo desejando ser poeta ainda não sei lidar com este sentimento, tão banalizado e em desuso, o AMOR.
O senso comum é imperativo: não há lugar para o amor, o "lance" é ter envolvimentos sem compromisso, rápidos, efêmeros, voláteis. Já não se casa, se "junta", não se faz amor, mais "sexo", não se namora, se "fica". Tudo isto para evitar problemas de ordem psicológica e financeiro .Busca-se atenuar as decepções, frustrações, melodramas e o que é pior sentenças judiciais.
Dizem que é novos tempos, novos conceitos, novas formas de se amar.
E eu afirmo que não pertenço a este cenário, que visualizo em preto e branco. Não concebo tais idéias, pois estão anos luz a minha frente.
Sabes porque?
Sou humana demais, tenho necessidade de viver intensamente o AMOR, com seus conflitos e suas dores.
Viver acreditando nos riscos e nas oportunidades, sejam elas grandes ou pequenas, boas ou ruins. Mais que eu saiba aproveitá-las e entender que "nada é por acaso", tudo tem um preço, tudo passa e o pra sempre, sempre acaba.
Viver acreditando que mesmo na mortalidade do meu ser, reside uma essência imortal, que me arrremete a sonhar, a ter sonhos possíveis, como encontrar a completude da alma, de conseguir enxergar o colorido da vida , os mistérios por detrás de cada fenômeno.