Eu vi Cássia Kiss lendo um livro

     Bem, o título certo deveria ser Eu vi e ouvi Cássia Kiss lendo um livro, mas preciso começar do comecinho para contar bem a minha história. 

     Foi na quinta-feira, quatro de setembro. Levantei-me bem cedinho acordando de uma noite mal dormida para tomar meu banho. A noite mal dormida foi por conta dos pernilongos, não da emoção. Vesti minha roupa de oncinha e fui para a minha fábrica de pães tomar café. Afinal, seis horas da manhã eu iria sair para Belo Horizonte. E saímos. Allan, eu e Edinho, o motorista. Íamos para a capital de todos os mineiros participar de eventos culturais que para isso sou paga, embora não tão bem assim. Um deles, o Projeto TIM Estado de Minas Grandes Escritores – Bibliotecas. Fomos buscar livros doados pelo Programa para a nossa Biblioteca Pública. Trouxemos uma caixa com livros de grandes autores nacionais que participam do Programa fazendo conferências nas cidades escolhidas. Já tive o prazer de receber aqui o Frei Beto, Fernando Morais e Zuenir Ventura. E de assistir outros, como Marina Colassanti, Afonso Romano e Nelson Mota.
 
     A viagem foi quase ótima. Sentei-me no banco de trás embora a preferência para ir ao lado do motorista fosse minha. Mas eu queria dormir e achei que ficaria mais a vontade. Não consegui. Nem dormir nem ficar a vontade que ninguém fica a vontade com sono. O jeito foi olhar a paisagem e observar a rodovia. Que, aliás, está uma beleza. Sem buracos, logo sem solavancos. Dei um viva para a privatização, um viva para a globalização e um viva para a Espanha. Baixinho, para manter a compostura. E fui daqui até lá, cabeceando e olhando as várias nuances do verde das alterosas colorindo a natureza.

     A entrega dos livros foi feita após o lançamento do Projeto TIM Estado de Minas Forma Leitores. Este é um projeto novo, que graças ao patrocínio do Banco do Brasil vai percorrer inicialmente oito de nossas capitais. O protótipo foi lançado ano passado em Araxá. É um projeto desenvolvido através da ONG Humanizarte, criação do meu amigo Marcelo Andrade. Variados aspectos essenciais para a formação de uma leitura completa e agradável serão desenvolvidos através da realização de oficinas. Para nós foram oferecidas quatro e eu escolhi fazer Meandros da Escrita com Bartolomeu Campos de Queirós. Foi o motivo principal para eu pular cedo da cama e entrar em um carro oficial. Bartolomeu é o que chamo de prosador poeta. Seus textos são pura poesia. Mas...dupla decepção. Ele não compareceu. Não compareceu para realizar a oficina e receber as homenagens que lhe seriam feitas porque está hospitalizado. Fiz uma prece em meu coração enviando um bom pensamento e energia positiva para este grande autor mineiro e abri meu coração para quem foi substituí-lo. Mas isso vai ser assunto para outra crônica. Hoje vou falar de Cássia Kiss. Afinal, o que ela tem a ver com a história?

     Cássia Kiss foi escolhida por Marcelo para ler trechos de livros de um autor escolhido pelo Projeto. No nosso caso, Bartolomeu. E ela leu. Sentou-se sobre a mesa, o livro na mão. Vestida simplesmente mais parecia uma professora falando aos seus alunos do que uma atriz global. E sua voz deu voz às palavras mágicas escritas pelo homenageado. O encantamento foi geral. Quando tudo acabou eu fiquei pensando: Que jeito gostoso de formar leitores! Se para mim, que sou leitora formada quase que desde quando nasci o som luminoso das palavras flutuando pelo ambiente me levou para um mundo encantado, o que acontecerá com aqueles que ainda não sabem que a leitura não é um fardo e sim um prazer absoluto?

     Quando tudo acabou, a sessão de fotos foi inevitável. Todos queriam uma foto com a atriz, mas não eu que não curto muito essas coisas. Essas, de tirar fotos com artistas e qualquer tipo de gente famosa. Só tiro foto com escritores. Mas bati uma, dela com o Allan, porque ele é ator e vai poder se vangloriar perante os seus pares. 

PS. Breve farei uma lista com nomes de pessoas com quem eu gostaria de tirar uma foto.