Por falar em paixão

Quem nunca teve uma paixão daquelas arrebatadora que

de tão intensa faz transformações no mecanismo inibitório,

abala o sistema nervoso? E a paixão que acaba? É terrivel.

Quando você se apaixona, começa esse drama shakespeariano. Muda toda sua vida. Você começa a fazer planos.

Quer se casar, ter filhos, cunhados, tudo aquilo que começa a fazer parte da sua vida. Claro que necessariamente para se apaixonar não

precisa haver inclusão desses elementos básicos. Paixão sem planos é muito gratificante também.

Mas essa paixão da qual falo aqui, é a mais dolorosa. É a

primeira. Nunca mais as outras vão sequer se aproximar dela. Deixa

marcas no coração, e diferente de marcas tatuadas, essa nem laser consegue arrancar.

Mas nem sempre as coisas correm conforme esperamos.

E quando acontece é correr e procurar analista, terapeuta e correr para o tratamento anti depressivo que vai te entupir de ansiolíticos

bem eficientes.

Afinal você sonhou e o sonho acabou. A roda viva chegou e empurrou o destino para bem longe da imaginação.

E você começa a mudança. Tem que mudar tudo, ou a tal roda viva te obriga a isso.

Tão terrivel a mudança que começa às vezes pela casa, pela troca de emprego. Tão terrivel que parece que o destino faz um

pacto com essas mudanças.

E o juntar de trapos, esse então doi mais que qualquer outro. Mil caquinhos quebrados e torna-se um quebra cabeça juntá-los peçinha por peçinha.

Você está sozinha. Então arruma um monte de gatos, de plantas. Pelo menos elas e eles vão ocupar tanto seu tempo que de-

repente as lágrimas de tão secas não mais rolarão.

Você muda de aparência. Quem sabe isso vai ajudar?

Fica loira, morena, não gosta, fica ruiva então.

Como está tudo dando errado mesmo, seu nome vai pro Serasa, vc

fica sem tostão. Emprego não aparece. AFF! QUE HORROR.

Mas eis que um dia sem esperar você se apaixona de novo. E agora é correr e mudar tudo novamente.

Primeira providência é trocar o analista pelo dermatologista. Afinal sua pele está sem viço. Disso tudo as únicas

coisas boas que sobraram foram os gatos que fizeram parte desses

momentos tristes e as plantas as quais ajudaram enquanto vc chorava

e cuidava regando-as esquecia sua dor.

E junto a esse novo amor, começam novamente os antigos planos. E o que vc mais quer junto dele, é passear de

mãos dadas numa praia reencontrando a velha e querida Lua Cheia que

te olha lá de cima como que te prevenindo para que vc tome doses homeopáticas de paixão e não um frasco inteiro de uma só vez.

Overdose, mata!

ysabella
Enviado por ysabella em 05/09/2008
Reeditado em 10/09/2008
Código do texto: T1163249
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