Escritores e pessoas

Quem se é realmente? Esta consciência parece ser difícil de alcançar. Nas demonstrações individuais clássicas, essa definição pelo próprio indivíduo, me passa sempre a sensação de crença, mesmo fundamentada em dados que lhe dê respaldo significativo. Os controles do comportamento nas interações sociais, fatalmente forjam o indivíduo com camadas de informações que o transformam continuamente, de modo que, num dado momento ele deverá estar diferente do momento pós-experiência vivida a seguir, logo, já não se será exatamente quem se achava ser. Evidentemente não se esperaria um congelamento dos acontecimentos para se saber quem se é. Uma média de características serviria. Porém entra a questão da autodefesa. Ela mascara uma auto-análise mais aguda distorcendo inconscientemente ou não, uma conclusão mais precisa. Além desses percalços, ainda há a capacidade e o interesse em refletir a respeito de si. Quando alguém assim é obrigado a fazê-lo, a possibilidade de alcançar o objetivo pode ser remota. A partir dessas poucas visões a respeito de se conhecer e fazer valer esse conhecimento nas interações sociais pode-se deduzir que as comunidades são compostas de estranhos e que esse complicador impede sua formação harmoniosa. Quem já não viu ou viveu a situações onde as pessoas “se estranham?”. Muitas das vezes, as envolvidas nem sabem o porquê da desarmonia, após eventual acaloramento de ânimos. É possível que, nessas situações, elas se desfizessem de algumas capas desnecessárias ao contato. Invariavelmente elas passarão a se verem de outra maneira dali por diante.

Os textos que alguém escreve têm o fascínio de revelarem aspectos das personalidades dos indivíduos com um foco diferente do administrado por eles no convívio direto. Daí a razão pela qual conhecer alguém pessoalmente após ler apenas os seus textos pode surpreender. A complexidade humana, apenas lembrada aqui, poderá frustrar ou empolgar o leitor.

Certamente a maioria prefere ficar apenas com os textos, em detrimento destes serem alvo das censuras, digamos, mais pensadas. Será mais seguro para ambas as partes.