A ¨ZEBRA¨ NO CASAMENTO DA MADAME - ( CASO VERÍDICO)
Quem morou no norte Paraná, até fins da década de 1960, ou pouco além, deve se lembrar do grande número de casamentos que se realizavam na igreja católica nos sábados, principalmente casamentos de pessoas simples, tanto da zona rural quanto da cidade.Os meses de maio e setembro eram quando mais casamentos havia.
Às vezes era possível notar a presença de mais de um casal de noivos no interior do templo, aguardando o padre, que em poucos minutos realizava o casamento religioso.Era comum os noivos adentrarem a igreja juntos, acompanhados do séquito, dos padrinhos, etc.Muitos noivos chegavam bem antes do horário previsto,e sentados no meio dos convidados aguardavam o horário determinado para a cerimônia. Prá fugir a esse tipo de ¨congestionamento¨ noivos da classe média preferiam casar nas quintas-feiras.
Nessa época em uma pequena cidade da região,a filha de uma senhora da alta sociedade local resolveu casar-se. Seu pai era um dos poucos médicos da cidade.Naquele tempo o padre, o juíz (quando a cidade contasse com um), o prefeito e o médico eram consideradas as figuras mais respeitáveis e importantes da comunidade.
A mãe dessa moça, tida como pessoa esnobe e muito metida, decidiu que a cerimônia da sua filha seria o acontecimento do século naquela comunidade.Seria uma cerimônia das mais belas e requintadas que aquela pequena cidade jamais vira, seria como aquelas de Curitiba, de onde viera.
Fugindo à regra e aos costumes da cidade exigiu de seus convidados trajes à altura do espetáculo que pretendia proporcionar.Decoração primorosa.Músicos. Coral. Coisa inédita, até então, naquela localidade.Viriam muitos convidados de outras cidades,inclusive da capital.
Casamento marcado para o mês de maio, em um sábado, às dezesseis horas.Todos os detalhes previstos e revistos à exaustão. Nada daria errado.Seria algo mesmo muito chique.Chique não, chiquérrimo.
A mãe da noiva já havia espalhado pela cidade que não queria nada ou ninguém destoando a beleza do evento. Significava que quem não estivesse devidamente trajado, nem pensar...
Só que esqueceram de avisar o Miltão e a Lia, e seus convidados que moravam na zona rural e casariam no mesmo dia, ás dezessete horas.E creio que a igreja também falhou ao marcar outro casamento para a mesma data e em horário relativamente tão próximo.
Chega o tão esperado dia. A cerimônia do ¨casamento do século¨ estava em andamento, tudo corria às mil maravilhas, tudo conforme planejara Dona Luci, mãe da noiva...
Eis que de repente todos se voltam, até o padre fica espantado. Adentra a igreja, em plena cerimônia do ¨casamento do século¨, o casal Miltão e Lia e seus convidados modestamente trajados. Até o Chicão, negão de quase dois metros de altura, com a camisa desabotoada, mostrando o umbigo em uma barriga saliente, como era seu costume.Como já narrei antes, era comum os noivos chegarem bem antes do horário marcado.
Sinceramente, eu gostaria de ter visto a cara da Dona Luci.(Podem me chamar de maldoso, se quiserem)
Quanto ao Miltão, segundo ele me narrou certa vez,em sua inocência e simplicidade ficou muito feliz pois, jamais, sequer sonhou que no dia do seu casamento a igreja estivesse tão bonita.
Este é um fato verdadeiro, cujo acontecimento no momento da cerimônia, me foi narrado pelo meu amigo desde a infância, Mario Pires Cardoso,hoje morador e fazendeiro em Rondônia e que esteve presente como convidado do Miltão que era nosso conhecido.Eu não estava lá.
Nota: dos nomes aqui citados só o da mãe da noiva, por motivos óbvios, alterei.Os outros protagonistas jamais se importarão por tê-los citados com o nome como são conhecidos.