Um amor inútil

Era uma vez duas gatas: uma preta, chamada Bilu e uma branca que se chamava Mimosa. Eram amicíssimas; só viviam juntas.

Certo dia ambas estavam de cio e precisavam urgentemente acasalar. As duas saíram noite adentro a procura de machos. Sobe rua, desce rua e de repente avistaram, lá na frente, dois lindos gatos: um preto e um branco.

A Mimosa foi decidida:

- Olha só que gatão lindo! - disse Mimosa - Aquele negão é só meu, e não se meta – e disparou em direção às garras do seu macho. A Bilu, por suas vez, teve que se contentar com o que lhe sobrou: o gatinho branco, feinho, e que não tinha lá muito charme, pois era franzino, vagaroso e com aparência de abestalhado.

E foi aquela noite de corre-corre e de pega-pega.

Os casais por fim se separaram na escuridão da noite pulando cercas, escalando muros, rolando nas valas e nos lixos; correndo nos telhados e fazendo barulhos infernais com seus grunhidos arrepiantes e dessa forma farrearam até o dia amanhecer.

Já era meio-dia quando Bilu acordou e logo foi procurar Mimosa na intenção de saber tim-tim por tim-tim da grande noitada.

- E aí amiga? Você sumiu na noite? – disse Bilu - Como foi sua noite de amor? Mas... espere ai. Antes de me responder vou te contar como foi a minha. Pra início de conversa, fique sabendo que aquele branquelo é o capeta, é um “animal”. Ele foi o máximo! Estou arrasada: toda mordida, arranhada, suja de lama; mas valeu a pena! Agora, me conta como foi o desempenho do teu gatão.

- Nem te conto, Bilu! Não há comentário!

- Como assim? Que é isso amiga? Está me estranhando? Vamos, fale! Amiga é pra essas coisas.

- Sabe, Bilu, aquele infeliz passou a noite toda me contando como ele foi capado.

- Cooooitaado!

- Coitado? Coitada de mim! - rebateu Mimosa. Agora dá licença que vou dormir. Perdi uma noite à toa.

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 05/09/2008
Reeditado em 30/01/2010
Código do texto: T1162741
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.