O ronco
Era uma estupenda mulher. E na cama, tinha lá suas fantasias que levavam à loucura o seu amado. Seu nome era Lanaci, talvez uma mistura de Lana com Nanci, quem vai saber não é?
Mas tinha um problema. De uns anos para cá, ela danou-se a roncar. Saliéri, seu marido, já não suportava mais. Seu ronco era tão profanador do silêncio, quanto àqueles fogos de artifícios que são detonados por alguns imbecís na madrugada. E o seu sono era tão profundo que só um balde de água fria para acordá-la. Um dia Saliéri teve uma idéia, depois que ela dormiu, ligou o rádio num volume que suplantava o ronco, e foi deitar-se. Conseguiu dormir, teve um sono reparador como há muito tempo não acontecia.
— Poxa! Por que não tive essa idéia antes? —Indagou a si mesmo.
Porém no dia seguinte, recebeu uma advertência do síndico. Ele havia desrespeitado a lei do silêncio.
José Alberto Lopes®