O CAMINHO DAS LETRAS
Fui possuído por Fernando Pessoa, troco São Paulo por Lisboa, em busca de um meio de compreender os seus escritos.
Para ler Pessoa é preciso, ir além dos olhos do corpo e enxergar com o olhar do espírito, vendo o que há por trás do véu, mesmo que a visão nos jogue num abismo.
Fernando Pessoa dizia que o abismo é a imagem que melhor representa o infinito, o Nada, onde o tudo está inserido. Por não ter o abismo, curvas, cabe tudo, todos e ainda tem espaço de sobra. O Nada, descoberto por Pessoa, não é negativo, pelo contrário, representa o outro lado do ser, o não-manifestado, que permite que todas as manifestações ocorram. O Nada nunca é fim, é sempre começo. Por sermos nada, por não termos limites é que podemos ser todas as coisas. Compreender o nada é perceber que o potencial do homem é o infinito.
E esse infinito é a grande charada da vida, pois o mistério do homem é que há alguma coisa que não pode ser explicada, um espaço que é tudo, justamente por ser nada.
Se Buda ensinava o caminho do meio, Krishna o caminho da melodia e Jesus, o caminho da luz; Pessoa, mesmo não sendo mestre das multidões, era o senhor das palavras e nos deixou como legado, um caminho de letras, que são pistas que revelam passo a passo, a sua jornada pelo inefável traduzido em português. Jornada essa que embora seja inenarrável, foi por ele, tão bem escrita que o leitor ao menos compreende que as chaves para entender é justamente nada saber.
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