ESTRANHO É O FRUTO

“Estranho é o fruto e a colheita é amarga”... Devo acrescentar que isto são coisas ditas pelo poeta Lewis Allan, em seu poema “Strange Fruit”, que se tornou canção pungente na voz compassada da inconfundível Billie Holiday.

Pensar sobre o que os outros dizem... Confesso que é um exercício pra lá de complicado, hoje em dia tudo é uma questão de semântica: a palavra dita, trasladada no tempo e no espaço quando ecoa ruidosa aos nossos ouvidos, por conveniência de quem a disse lhe é negado o sentido dado. Não é mestre Stendile?

Neste pensar vadio, não sei mesmo no que me fixar, melhor partir para a dialética, que segundo Leandro Konder, é o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreender a realidade como essencialmente contraditória

Enquanto penso na realidade, no contraditório sem laudativo nem pejorativo, mas empregando a sutileza, repito Heráclito de Éfeso no seu fragmento 91: “ Um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio. Por quê? Porque da segunda vez não será o mesmo homem e nem estará se banhando no mesmo rio, ambos terão mudado

Vou dizer uma coisa, viu? Melhor mesmo é meditar sobre o que estão dizendo os rapazes do “Ultraje a rigor” (ainda existe este conjunto?) na musiquinha saída em alto e bom som aqui do vizinho. E faz tempo que os rapazes estão gritando isto:

A gente não sabemos escolher presidente / A gente não sabemos tomar conta da gente / a gente não sabemos nem escovar os dente /A gente somos inútil / Inútil / Tem gringo pensando que nós é indigente /A gente faz carro e não sabe guiar / A gente faz filho e não consegue criar / A gente pede grana e não consegue pagar...

Quer mais ou eu paro por aqui?

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 04/09/2008
Reeditado em 04/09/2008
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