Tic-Tac
Tic-tac, tic-tac, tic-tac... Se pudesse medir em decibéis em plena madrugada a estrondosa poluição sonora que o já antigo, mas imponente relógio datado de 1858 fazia, mas o único medidor que tenho em mãos, ou melhor, acoplado a minha carcaça auditiva, é o meu conjunto de bigorna, estrivo e o outro eu esqueci o nome, melhor sintetizar “orelha”, ou melhor “ouvido”, pois a orelha é a carenagem linda que se acopla ao aparelho auditivo, e por falar em orelha, tem umas que ganham umas alegorias fantásticas, e nos áureos anos 70 a classe feminina era a responsável pela tal, mas com o andar dos anos e o avançar das conquistas constitucionais onde a “liberdade social” ganha espaço a cada semana, hoje deixou de ser aeroporto de alegoria só para as tietes, e passou a fazer parte de qualquer ser que agüente pendurar, ou tenha espaço para enfeitar, mas não vamos fugir. O lugar: a saudosa casa da vovó, onde ficava o tal representante do Bing-Bang, aquele sabia fazer barulho, e falo no passado porque além de ser nos gostosos tempos de moleque que eu resolvia ficar por lá, também é saudosa a caixa de madeira conjunto do resto, pois quem; não sei, mas alguém que devia gostar muito daquele despertador de minuto, fez o favor de alforria-lo da casa da vó e num ato de posse adquirir direitos sobre o tal. Pena, ne. Pena por tudo, pelos tempos de moleque, pelo imperioso relógio, pelas orelhas furadas, pela Constituição desrespeitada, pelos belos tempos que não voltam mais, por mim que não sei como vou terminar de escrever estas linhas, xiiiiiii! O teclado travou, ufa!
Junior – Um sonhador