Ovelha Desgarrada

Desde a antiguidade o verde é uma cor muito apreciada. Talvez pelo fato de o verde possuir uma onda eletromagnética mais atraente aos olhos. Esse verde já lavou muito sangue e, aliás, já foi o pivô de muitos conflitos e alegrias. Ele é tão importante, que diversas pessoas fazem suas preces pedindo que tenham esse verde em abundância.

Mesmo com o passar do tempo, ele diferentemente das outras manias, que perdem o gosto; faz é popularizar-se cada vez mais. Qualquer vestígio de um verde por aí já é motivo de parar e apoderar-se dele, sorte. O seu valor varia de um a cem, aqui no país. O leitor já deve estar desconfiado do que se trata. É meu amigo... Trata-se do motivo que nós trabalhamos – o único, o inigualável – dinheiro.

Alguns vivem por ele, outros fazem dele opcional, outros nunca o viram. Mas, se há algo que deixa-nos felizes é ganhar ele, ou melhor, é encontrá-lo abandonado. Não sou sem coração, se vejo um logo o adoto e cuido-o como um filho. Quem sabe um dia vou ser vovô? Mas, algo que me deixa sem ação é se vejo um desses abandonados e quando consigo pegá-lo sem que haja outras pessoas na fila, percebo que há uma coleira em seu pescoço. Devemos ou não entregar a pobre ovelha desgarrada a seu pastor descuidado?

No súbito guardo-os em local seguro. No momento a única coisa que me vem é de ficar com ele, pois como diz o velho ditado, achado não é roubado. Se ficar com ele, a consciência pesa e lá vem aquele sentimento enjoado que somente as pessoas bobas de coração têm: a honestidade. Atualmente, um problema. Aquela pobre criatura, sem pai nem mãe, implorando por um lar! Os olhos até lacrimejam. Mas, em nome de todos os compatriotas e de boa índole como eu, procuro o pastor descuidado e lhe entrego sua cria, mesmo sabendo que em muitas vezes, não serei gratificado pelo meu raro ato.

Será que fiz o certo? Não sei. Mas a única certeza é de que nesta noite dormirei com os anjos.