Entrelinhas
Penso, logo escrevo. Antes não escrevesse, ou esse vício não me consumisse.
A escrita age como faca de dois gumes: deixa no papel a dor do seu mundo; traz para o seu mundo a dor do papel.
E seria sublime se fosse algo puramente científico, observar e transcrever. No entanto, cada um deixa um pouco de si nas entrelinhas, como cada um se mostra em suas ações.
As palavras intercedem como intérpretes dos sentimentos e intenções particulares, ainda que subentendidas.
Portanto, sem dúvida alguma, posso afirmar que sou o que escrevo, pois o escrever é parte de mim e vezes maior do que eu. Em palavras deixo minhas abstrações; em sentenças, minhas incertezas; e nas reticências deixo um espaço... Para que possam sentir o que eu senti... Encontrar o que escondi... Ler nas entrelinhas o que não escrevi.
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