SOZINHA NO ESCURO!
Madrugada quente, não durmo. Não consigo definir se faz calor, de verdade, em pleno fim de Inverno, ou se sou eu quem transpiro por todos os poros. Falta-me algo – não sei bem o quê! Viro-me na cama como se meu colchão fosse recheado de espinhos. Levanto-me, tateando no escuro – para não acordar o parceiro, do outro lado da cama. Faço um pit-stop no banheiro, respiro fundo, vou até a sala, ligo a TV.
Não encontro nada interessante que me prendesse a atenção e, quem sabe, eu voltasse a dormir. Vou ao escritório, pego um livro na estante. Daqueles que começamos a ler, sem jamais concluir. Falta de interesse? Preguiça mental? – Não, o livro é ruim, desinteressante.
Ligo o aparelho de som – música na madrugada costuma dar certo. Mas, para minha decepção, ouço mais propaganda do que propriamente músicas. – Será que tem pessoas, a essa hora, anotando telefones e sites de compras? Todos os meios de comunicação se transformaram em um grande comércio. Um consumismo de doer - nos ouvidos e no bolso!
Vou até a cozinha, pego um copo de leite – sem lactose, que tenho intolerância a ela – coloco para amornar, no microondas – não gosto de nada, excessivamente gelado - e retorno à sala, tentando interessar-me pela leitura. O autor complicou, demasiadamente! Escrever é uma arte e detesto esse linguajar rebuscado, que fala...fala e não diz nada.
O Locutor da FM anuncia - trinta músicas sem intervalo comercial. Era tudo o que eu queria... Aproveito, vou até o armário, pego um gostoso edredon, já meio velhinho, desses que a gente adora o contato com o corpo – e nunca o aposenta, coitado - estendo-o no chão e me deito.
Cerro, levemente, os olhos, faço uma espécie de meditação interior, procurando relaxar os músculos e a mente. Não quero pensar em nada a não ser naquela canção suave, que penetra em meus ouvidos e chega até minha alma! Doce, gostosa, ressoando na noite calma de insônia.
“Strangers in the night”...
A voz forte e personalizada de Frank Sinatra, me invade! A próxima penetra mais fundo em minha alma e coração. E a outra... e outra... e outras tantas, embalando a minha insônia!
Não sei até quando, nem quantas canções eu consegui ouvir... Tornou-se distante o canto do Sabiá Laranjeira...O mesmo que chora, dia e noite, nos galhos da mangueira vizinha, procurando por sua amada!
Acho que adormeci, finalmente!