AS AMARRAS

Hoje lendo um site de reflexão deparei com o exempto do elefante que se deixa prender por uma corda fina e a gente se pergunta pela razão dele se submeter a esse disparate, até porque poderia se desprender facilmente em razão da grande força que possui. Ocorre que o elefante não tem o poder do raciocínio, assim se deixa levar pela vontade do homem que o adestra para exibir-se em picadeiros. Esse animal, quando pequenino, vê-se amarrado por uma corda e se debate – em tenra idade – para escapar dessas amarras, mas como ainda não tem forças suficientes não consegue escapar e depois de tanto se debater, acaba se rendendo ao cansaço e teme aquelas amarras para toda a vida, por isso enquanto adulto nem tenta desamarrar-se, porque passou a respeitar demasiadamente aquela pequena corda, a não ser que algo inusitado aconteça, como um susto ou qualquer outra ação que lhe faça agir por impulso.

Assim é a nossa vida. Quantos de nós temos a nossas amarras e de início até lutamos contra elas, mas com o tempo nos submetemos às suas conseqüências, deixando-nos prender com facilidade, ficando estagnados pela nossa própria inércia, pois cabe a nós reagirmos pelo nosso poder de inteligência, porém, preferimos ficar entregues e omissos.

O vício em drogas é uma das amarras mais cruéis para o ser humano. Quantas vezes não vemos o exemplo de jovens que se prendem ao mundo da drogas e ficam amarrados nas inúmeras conseqüências que elas geram no organismo das pessoas. Daí surge o ladrão sorrateiro que busca na propriedade alheia uma alternativa para chegar à droga, pois de início ainda tem saúde para trabalhar ou crédito com os pais, para poder adquirir o entorpecente. Com o tempo, todas essas alternativas se esgotam e o jovem se vê numa encruzilhada entre o vício e a necessidade do consumo, quando passa a cometer pequenos delitos e daí um breve passo para os crimes de maior lesividade a seu semelhante.

Observamos também as amarras do jogo, quando deparamos com pessoas que se entregam a esse vício, muitas vezes colocando-o numa vanguarda perante todos os outros valores da sociedade. Esse cidadão passa a ser escravo da jogatina e vai perdendo tudo; primeiramente o patrimônio, depois a dignidade, depois a saúde e por fim, perde até a alma, pois não consegue mais encontrar a paz que todos precisamos para um saudável relacionamento entre os nossos entes queridos.

O radicalismo também se constitui numa amarra que nos prende ao egoísmo, fazendo do mundo um ponto de convergência apenas para o que pensamos ou para o que pregamos. O idealismo radical, a meu ver, constitui numa prisão de caráter e de conduta que imprimem uma marcha descompassada na vida de uma pessoa, pois o nosso mundo é heterogêneo e de diferentes tendências e acaba fazendo do radical um eterno sofredor em razão dos assaques das suas idéias, pois tal pessoa não admite o oposto e se mostra avessa às mudanças, tão necessárias para nosso crescimento interior. Na fossem essas mudanças, ainda estaríamos no mundo das Cavernas e homem não teria chegado a progresso da atualidade.

A ignorância também se constitui num atraso para o homem e o amarra à sua incapacidade para entender o novo. O estudo e a busca das novidades e das coisas mais modernas, são uma exigência no mundo globalizado. Aquele que é aspirante ao mercado do trabalho, ficará cada vez mais marginalizado, caso não se aperfeiçoe e procure fazer cursos nas áreas emergentes. Até os próprios profissionais liberais, aquele médico, aquele dentista, aquele advogado que não se atualizam vão perdendo sua clientela, pois o mundo é dinâmico, não pará de produzir novidades, que são reflexos da necessidade do mundo moderno. O acompanhamento dessa evolução se torna uma emergência no mundo profissional, pois os micro-organismos se aperfeiçoam e começam a produzir novos desafios, como novas doenças etc. No mundo jurídico a cada dia surge uma nova lei ou uma nova interpretação de uma demanda, cuja conseqüência é imediata, podendo influir na perda de um bem valor etc. No ramo da odontologia existem as diversas formas de tratamentos dentário, pois já não pensamos apenas na saúde bucal como também na estética dos dentes, que se tornou numa exigência no mundo do glamour etc.

Enfim, existem muitas outras amarras em nosso cotidiano que ficam sem ser citadas, porque são infindáveis e poderiam nos levar a escrever um livro. No entanto, o que importa é que temos de ter consciência de que elas existem e devem ser extirpadas com o nosso poder de inteligência, eis que podemos reagir e temos capacidade para tanto, desde que tenhamos disposição para ruir com todas as arestas que iremos encontrar pelo caminho, pois quem muito anda, quando tem de retornar terá de percorrer a mesma distância que já andou e muitas vezes não é fácil o retorno, considerando que essa viagem engloba várias alternativas e várias dificuldades que muitas vezes não dependem só de nossa inteligência, como também de nossa superação.

No entanto, não existe uma só amarra que não se desate e não se desprenda da nossa alma, sempre que temos amor no coração. Esse é o primeiro elixir que deve ser cultivado, pois quem transmite essa fórmula mágica, jamais encontrará barreira mais forte e mais concreta, considerando que quem ama está amparado pelo perdão e pelas leis Divinas.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 01/09/2008
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