Meus Erros.

Algumas situações nos deixam sem chão... Às vezes trabalhamos duro, por anos e anos, na idealização de construir algo sólido. A satisfação de estarmos próximo de nosso objetivo sempre é muito especial, ainda que nem tudo dê como imagináva-mos. Então um simples gesto, um pequeno desvio, um erro, um lapso, pode comprometer e fazer desmoronar o projeto de toda uma vida.

Parece ruim? Pode ser muito pior. Em alguns casos há muito mais que o projeto de uma vida em jogo, há outras vidas envolvidas. Quando as conseqüências de nossos erros atingem apenas aquele que errou, a causalidade se manifesta de modo a deixar as coisas “quites”. Quando, porém, as conseqüências envolvem pessoas amadas, alheias aos nossos erros, aí sim, temos uma desgraça. Olhar as pessoas que amamos e vê-las sofrer, sabendo que todo sofrimento, que toda a dor é responsabilidade nossa, saber que muitos dos nossos erros são irreparáveis e que invariavelmente suas conseqüências irão acompanhar por longas datas a vida destes que amamos, acarreta sobre nós uma terrível e indescritível culpa.

Parece péssimo? Infelizmente ainda pode piorar. Nossos erros são decisões e decisões não são certas ou erradas, boas ou ruins, são apenas decisões. As conseqüências de nossas decisões podem ser horríveis, mas com o tempo podemos chegar a conclusão que foi uma decisão acertada, contudo, quando além das conseqüências, o tempo (este sujeito, atrevido que sempre nos revela tardiamente o quanto estávamos certos ou errados!) nos mostrar que cometemos nosso pior erro, ai sim, estamos fudidos. De nada resolvem as sugestões de que não se deve chorar o leite derramado, de que o passado está morto, coisas assim, o fato é que a culpa provavelmente irá nos acompanhar Poe longas datas. A culpa tem uma positividade, porém, ela nos liberta da arrogância de dizer que nunca nos arrependemos de nada, as negatividades da culpa são tantas que prefiro não enumerá-las aqui.

Chegamos ao fundo do poço? Sempre é possível ir mais fundo, o fim do túnel é a morte, enquanto houver fôlego, há esperanças de uma recuperação. Isto dependerá restritamente de querermos ou não mudar a situação, podemos lastimar por toda nossa vida nossos erros, chorar todos os dias e lamentar não poder voltar mais atrás, ou, podemos lamentar profundamente nossos erros, levantar a cabeça e pensar que há ainda a possibilidade do acerto. O pior que podemos fazer em relação a um erro é determiná-lo como fatal, como aquele erro que irá esgotar as chances de ser feliz, errar é humano, repetir o mesmo erro é idiotice, mas entregar-se ao fatalismo é covardia.

Espero que meus erros sejam perdoados, como dizia Sheakspare, não podemos exigir o amor de ninguém, apenas podemos dar boas razões para que gostem de nós, e, ter paciência para que a vida faça o resto. Desta forma, não posso exigir que me perdoem os meus erros, apenas posso procurar não repeti-los e agir para que seus efeitos sejam minimizados na vida daqueles que amo.

J.Carval.

J Carval
Enviado por J Carval em 31/08/2008
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