Considerações sobre o Futuro
Não invejo da divindade o poder de onde lhe adveio o nome: adivinhar o futuro. (divinari). Prefiro ignorar o futuro, mesmo o imediato, embora cuide dentro do que me é possível, para que não seja muito ruim. Tenho uma cabeça bem feita, apesar de alguns estragos feitos por meus cabeleireiros, mas por mais previdente que seja, buscando conferir a mim mesma uma velhice tranqüila, garantindo uma aposentadoria razoável, uma casa para morar, possibilidade de manter um plano de saúde, nada pode garantir o que será o meu amanhã. Ou como será o meu hoje, quando o amanhã chegar. Não sei que peça o meu corpo vai me pregar, nem a vida. Muito menos os políticos, com suas leis volúveis.Meu bom senso afirma que todas as conseqüências são frutos de causas. Nada é sem que tenha sido provocado por alguma coisa. O grande problema é a minha ignorância: desconheço a maioria das causas portanto não posso prever as conseqüências e me defender. Nem posso controlar todas as causas provocadas por outros e que podem me atingir. E olha que sou uma pessoa considerada e que me considero também, inteligente. Mas, quem pode prever um mal de Parkinson ou um mal de Alzheimer? Ou uma bala perdida atingindo minha coluna? Sendo assim, para evitar maiores preocupações, procuro pensar que só o que tenho é o presente e que este é um tempo breve. Brevíssimo. Não se assustem com esta afirmativa, amigos crédulos. Também acredito ( se bem que com um pé atrás, como boa mineira que sou) que a Vida é eterna. Mas essa Vida que vivemos aqui e agora, no Planeta Terra, século XXI, é a que tenho que considerar agora. Essa vida em que sou chamada pelo nome que me deram quando nasci, herdado de minhas abuelitas lindas. É uma vida finita, perene. Quando eu deixar de ser um fragmento e me integrar ao Todo, aí sim, a eternidade será o meu presente. Mas aí, não serei o que e quem hoje sou.
(reflexões sobre um pensamento um pensamento do filósofo Marco Aurélio )