Lembranças

Ontem deitado em uma na rede na varanda da minha casa, ouvi uma música que me fez recordar a infância. Bateu uma imensa saudade do meu avô. Senti a presença dele em meu coração. Ele era um homem especial. Alto, porte elegante, sempre com os cabelos brancos penteados. Usava em seus cabelos, óleo de coco que ele mesmo fazia.

Ele era uma pessoa serena, sempre disposta a ajudar. Todos tinham o maior respeito por ele. Falava pouco, mas sempre era bem ouvido.

Senti novamente suas mãos carinhosas e protetoras me ensinando a desenhar. Era mestre em caricaturas. Foi com ele que joguei "dama" pela primeira vez. Possuía um lindo tabuleiro que cuidava com muito carinho . Passamos gostosas tarde juntos.

Recordei a minha chegada do hospital, após uma cirurgia de apendicite. Com seu jeito meigo e atencioso, trouxe uma cadeira (que ele mesmo fez) , para que eu pudesse sentar melhor.

Senti na boca, o gosto do seu arroz com tomate, e principalmente, o delicioso bife acebolado que somente ele sabia fazer. Muitas vezes , eu deixei de comer em minha própria casa para saborear a sua comida , e acima de tudo, ter a sua doce companhia.

Durante as festas juninas, ele era o mais animado. Arrumava as lenhas para a fogueira, onde assava batata doce. Ficávamos longas horas conversando em frente á fogueira.

Meu avô também tinha um lado engraçado. Gostava de criar nomes para alguns objetos. Quando se referia ao rádio costumava disser: Hoje eu ouvi "o bicho falador".

Quando meu avô morreu eu era um pré - adolescente. Até hoje sinto a sua falta. Porém, sou feliz em saber que guardo para sempre um pouco dele dentro de mim. Ele foi muito importante em minha vida. Afinal, ele coloriu de amor a minha infância.

Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 16/04/2005
Reeditado em 16/04/2005
Código do texto: T11554