Nascemos nus.
  A criança fica pelada e sem medo na frente dos adultos. Recebe abraços, carícias e afagos. É um prazer inocente ser tocada: pele na pele, cheirinho bom. Uma delícia!
Quando menos se espera vem a bronca:
- Menino(a) sem vergonha, vá se vestir!
- Menina fecha esta perna senão vai apanhar!
  Repito: nascemos nus, inocentes. Depois de abraços e carícias, inclusive em nossos órgãos genitais, nos ensinam rudemente que a nudez é feia. É preciso esconder o corpo.
  Vergonha + medo = culpa.
  Assim vamos crescendo e compreendendo a lógica dos adultos e da educação. Reprimidos nos tornamos inseguros e em alguns casos, promíscuos – vertente perversa da repressão. Cheio de sentimentos de culpa e medo, estamos preparados para o convívio social: subjugados, anulados.
Nascemos nus. Na medida em que crescemos, cobrimos e nos cobrem com as mais estranhas vestes até o fim de nossos dias, quando nos cobrem com um paletó de madeira.


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